O governador do Banco de Portugal, que esta terça-feira sugeriu, no Parlamento, que Portugal deve estudar todas as alternativas ao petróleo, incluindo a nuclear, relançou a polémica em torno do assunto. Há opiniões para todos os gostos.

Uma delas é da Quercus, a associação ambientalista, que já acusou Vitor Constâncio de «ingenuidade e desconhecimento».

A Quercus considera que, sendo o problema do país financeiro, a opção pelo nuclear tem custos muito elevados. Aliás, o presidente da associação, Francisco Ferreira, aproveitou o facto de o governador do banco central ter citado como exemplo a Finlândia para sublinhar as enormes derrapagens nos custos da central nuclear finlandesa que está a ser construída.

Quem também já falou do assunto e se manifestou contra foi o presidente da Liga Portuguesa para a Protecção da Natureza, para quem, no debate sobre a energia nuclear, têm estado a ser escondidas as contas relativamente aos custos implícitos.

Do lado oposto está o ex-ministro da Indústria e Energia, Mira Amaral, para quem o nuclear é a única forma de Portugal conseguir uma base energética estável, sempre a par da utilização de outros tipos de energia.

«Com as energias renováveis havia quem julgasse que resolvia o problema, mas nunca com elas conseguimos ter uma base energética estável», disse Mira Amaral, que aplaude as declarações de Constâncio, apesar de considerar que pecam por tardias. Há muito que é conhecido o apoio do ex-ministro à energia nuclear.

Quem também se manifestou sobre o assunto foi o antigo secretário de estado do Ambiente, Eduardo de Oliveira Fernandes, que é também presidente do Conselho de Administração da Agência de Energia do Porto. Para este responsável, o levantamento da questão pelo governador foi «inoportuno» relançar a questão da energia nuclear, não só porque não existe qualquer documento concreto para discutir mas também porque o Governo liderado por José Sócrates tem dito que não pretende abrir esse dossier.