Quem o diz é Jorge Rocha de Matos, presidente da Associação Industrial Portuguesa, e um dos promotores da Feira da Inovação, que decorre esta quinta-feira em Lisboa. As declarações foram feitas à Agência Financeira, que será «Media Partner» do evento.
Questionado sobre até que ponto a conjuntura internacional e os seus efeitos na economia interna poderiam limitar o crescimento das empresas portuguesas, o comendador assegura que «a actual crise financeira associada ao crédito imobiliário de alto risco nos Estados Unidos tem repercussões à escala internacional e Portugal, como é natural, não fica de fora. Aliás, o acesso ao financiamento por parte das empresas já experimenta maiores dificuldades», disse.
Segundo Rocha de Matos, «a revisão em baixa das previsões do crescimento a nível europeu e nos Estados Unidos, falando-se aqui numa possibilidade de recessão, não é um bom sinal», um contexto que leva o presidente da AIP a sublinhar a importância que o movimento de inovação nas empresas ganha «para contrariar estes efeitos negativos, permitindo ganhar competitividade pela diferenciação».
Previsões do Governo são ousadas mais ainda não irrealistas
O Governo conta sobretudo com o contributo do investimento empresarial para cumprir a meta de crescimento económico para 2008. Tendo em conta as previsíveis dificuldades de financiamento e o clima de incerteza que tende a retrair os empresários, Rocha de Matos acredita que o Governo está a ser «ambicioso».
«Creio que as previsões do actual Governo sendo bastante ousadas não são ainda irrealistas», considera.
Para que as coisas corram de feição aos planos do próprio Governo, o presidente da associação dos industriais considera que o Executivo «tem que fazer um grande esforço de articulação com as empresas e as suas estruturas associativas representativas».
Incentivo estatal à internacionalização precisa-se
O que o responsável defende aqui são «politicas públicas em vários domínios, particularmente no incentivo à internacionalização empresarial, onde as exportações que já são a componente mais dinâmica da economia terão que manter não só essa dinâmica como eventualmente reforçá-la».
Algo que só pode ser atingido «com uma estratégia de diversificação das nossas exportações, ainda demasiado concentradas na União Europeia».
África, Brasil, EUA e mercados emergentes na mira das exportações
Para diversificar os destinos das exportações portuguesas, Rocha de Matos tem já algumas rotas traçadas.
«É importante potenciar a nossa vertente atlântica para mercados como Angola, África do Sul, Brasil Estados Unidos e restantes mercados do NAFTA, assim como, a outro nível atingir os mercados das economias emergentes asiáticas», diz.
De resto, outro trunfo que deve ser usado é o vasto número de pequenas e médias empresas (PME) que compõem o nosso tecido empresarial. «Temos que ser capazes de mobilizar as empresas e alargar a nossa base exportadora trazendo para o terreno da internacionalização, muito particularmente da exportação, uma fatia acrescida de PME».
«A AIP-CE está a dar um importante contributo neste sentido ajudando as empresas, particularmente as PME, na abordagem dos mercados referidos. A atracção do investimento directo estrangeiro (IDE), sobretudo de elevado perfil tecnológico, deverá ter também aqui um papel importante», conclui.
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