Numa tele-conferência a partir da sede do Programa em Roma, Sheeran actualizou as graves consequências que a carestia dos alimentos está a causar nas populações mais vulneráveis do planeta.
«As reservas em muitos países encontram-se ao nível mais baixo dos últimos 30 anos, e, nalguns casos, dos últimos 60 anos, e em grande parte é porque se consome mais do que se produz», explicou o responsável do Programa.
O organismo da ONU viu-se obrigado, em Fevereiro, a solicitar 500 milhões de dólares de urgência à comunidade internacional por causa do buraco que o aumento dos preços causou no seu orçamento.
Sheeran assinalou que essa quebra foi de 750 milhões de dólares e previu que a verba venha provavelmente a aumentar, embora se desconheçam, por ora, as necessidades de assistência provocada por esta crise.
«Pensávamos que se tinha chegado a uma zona de calma mas vimos como em apenas cinco semanas o preço do arroz duplicou na Ásia», salientou.
O Banco Mundial indicou recentemente que esta situação pode levar mais pobreza a cem milhões de pessoas nos países menos desenvolvidos do planeta.
Segundo a responsável do Programa Alimentar Mundial, a margem de manobra nas nações pobres que dependem da importação de alimentos é muito escassa.
Advertiu que a ONU enfrenta «uma situação fluida» que se vai acelerando à medida que os preços dos produtos básicos como os cereais continuam a aumentar nos mercados mundiais.
O Programa Alimentar Mundial definiu a actual situação como o maior desafio que enfrentou nos seus 45 anos de história e que afecta o trabalho dessa agência da ONU de duas formas: encarecendo, e por isso, reduzindo a ajuda que pode prestar e obrigando-a a congelar alguns programas.
Assim, o Programa, com as mesmas contribuições que em Junho, pode agora proporcionar 40 por cento menos de ajuda, porque alimentos como o arroz, trigo e milho praticamente duplicaram o seu preço nos últimos meses.
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