O líder do PCP, Jerónimo de Sousa defendeu, este domingo, em Braga o alargamento da taxa Robin dos Bosques à banca e ao grande capital financeiro, que «estão a ter lucros abusivos com a constante subida das taxas de juro», avança a agência «Lusa».

«São sectores, a par das petrolíferas, que estão a ter lucros abusivos com a constante subida das taxas de juro, à custa de milhões de portugueses», afirmou, lembrando que foi o PCP quem propôs a chamada taxa Robin dos Bosques na Assembleia da República.

O dirigente partidário falava no comício de encerramento da Festa da Alegria, uma réplica da do «Avante», com características minhotas, realizada bienalmente pela Organização Regional de Braga do PCP.

Jerónimo de Sousa lembrou que a banca portuguesa, que ganhou «rios de dinheiro» nos últimos anos, paga, em média, 13,5 por cento de IRC, enquanto um pequeno empresário do sector têxtil no distrito de Braga paga 24 ou 25%.

Referiu-se ao imposto extraordinário aplicado pelo Governo aos lucros das petrolíferas, para lembrar que a GALP teve, em 2008, 777 milhões de euros de lucros, que foram parar aos bolsos do seu principal accionista Américo Amorim, mas também aos das petrolíferas, Repsol, de Espanha, e ENI, de Itália.

«Se a Galp não tivesse sido privatizada, como nós defendíamos, hoje o Governo teria esse dinheiro para poder atenuar a grave crise económico-social que o país atravessa», sublinhou.

Nova taxa em risco de ser «um embuste»

Jerónimo de Sousa avisou, no entanto, para a possibilidade de o imposto extraordinário ser «um embuste», já que não será aplicado sobre os lucros especulativos, mas sobre aquilo que as petrolíferas já pagam.

«Esperamos para ver, mas, por exemplo, há possibilidade de essa taxa prejudicar as autarquias, no que toca à cobrança de derrama», acentuou.

No seu discurso, o líder comunista criticou repetidamente o Governo do PS, mas mandou «recados» também ao Presidente da República, Cavaco Silva, e à líder do PSD, Manuela Ferreira Leite.

Sobre o Governo defendeu que, três anos e meio após a tomada de posse do Governo, «o País está mais desigual, mais injusto, mais endividado e mais dependente».

«Até agora a desculpa para os duros sacrifícios pedidos aos portugueses de menores recursos era o do combate ao défice, agora o Governo desculpa-se com a crise internacional porque não quer tomar medidas», afirmou.

Jerónimo Sousa acusou ainda José Sócrates de apenas saber dizer que «a culpa é dos outros» e lembrou que nos vales do Ave e do Cávado há 50 mil desempregados, 70% dos quais de longa duração.