«Há naturalmente nalguns países a tentação de fazer do BCE e da União europeia os bodes expiatórios» dos seus problemas internos, declarou Trichet ao jornal semanário «Die Zeit», avançou a «Lusa».

Esta critica surge numa altura em que a França faz actualmente pressão para que os poderes políticos influam sobre as decisões do BCE.

«Não é justo. A construção da Europa permitiu-nos atingir um enorme nível de bem estar», afirma o francês.

Para ele, a mundialização conduziu a mudanças rápidas, nomeadamente na repartição do trabalho, com as deslocalizações para os países com mão-de-obra barata, aos quais os países do velho Continente teriam resistido menos sem a construção europeia e o BCE.

O presidente do BCE defendeu de novo a independência do banco central face aos poderes políticos. «Refiro-me ao artigo 108 do Tratado de Maastricht. Está escrito que os governos não devem tentar influenciar o BCE. Isso é muito claro», disse.

Paris, descontente com a política de taxas de juro elevadas do instituto que contribui para a valorização do euro e diminuir as vantagens dos grupos exportadores, gostaria que os responsáveis políticos da zona euro intensificassem o seu diálogo com o BCE, para influenciar as suas decisões.

«Não foi o BCE que definiu a sua independência, foi o tratado», insistiu Trichet.