O Banco Central Europeu (BCE) anunciou esta quarta-feira, numa medida concertada com outros bancos centrais, um corte da taxa de juro de referência para a Zona Euro de 50 pontos base, dos 4,25 para os 3,75%. Mas será que isso significa que as prestações dos créditos dos portugueses vão baixar?

A Agência Financeira contactou economistas para tentar perceber que impacto real esta medida poderá ter no bolso dos consumidores e concluiu que, a ter efeitos, não serão com certeza negativos.

Embora o grau de optimismo varie, os economistas contactados esperam que a redução da taxa do BCE traga algum alívio financeiro às famílias e empresas endividadas.

O problema nos últimos tempos tem sido o facto de as taxas comerciais e interbancárias (Euribor) estarem a ter um comportamento cada vez mais independente da taxa de referência do banco central. Uma divergência que tem sido causada pela elevada procura de financiamento por parte dos bancos junto dos seus pares, e pelo elevado nível de risco associado a esses empréstimos.

Famílias podem respirar de alívio?

Miguel Frasquilho acredita que «agora estão reunidas as condições para que a situação regresse ao normal», ou seja, para que a Euribor volte a aproximar-se da taxa de referência e a acompanhar as suas movimentações. O também deputado do PSD acredita que «a Euribor vai reagir» e que «a sua correcção pode ser significativa e ter mesmo uma magnitude semelhante à do corte hoje anunciado pelo BCE», ou seja, de 50 pontos base. A verificar-se a sua previsão, «a medida vai aliviar também as famílias portuguesas que estão bastante endividadas».

Já a economista do BPI, Teresa Gil Pinheiro, está menos optimista. A especialista acredita que «as taxas comerciais devem ajustar um pouco, mas não na mesma dimensão do corte feito pelo BCE». Ainda assim, acredita, haverá «algum alívio para os agentes económicos, como as famílias e as empresas, que verão reduzir as suas despesas e custos financeiros».

César das Neves é o mais prudente. O professor da Universidade Católica admite que o objectivo da medida passa também por aliviar os agentes económicos, reduzindo os seus encargos e estimulando assim a confiança e a economia, mas não arrisca previsões. «O objectivo é esse, mas é impossível prever se as taxas comerciais vão acompanhar e se o mercado financeiro vai acalmar».