Isto do coronavírus está a dar-nos cabo do modo de vida, mas também do futebol, maldito seja. Não lhe bastava ter parado as principais Ligas mundiais, agora também conseguiu cancelar o Euro 2020. Satisfeito, ó palhaço?

Pois que te falte o papel higiénico e abundem as cólicas, é o que te desejo, ó palerma!

Pronto, agora que soltei a minha raiva contra o coronavírus, a verdade é que o seu impacto nas nossas «vidas futebolísticas» é muito maior do que imaginávamos, senão vejamos.

Ir ao café ver futebol.

De uma cajadada, três das nossas maiores tradições foram cortadas pela raíz: ir ao café, tomar café e ver apaixonadamente futebol no café desapareceram num estalar de dedos. O sacana está a tornar-nos suecos.

Falar com os amigos também já não é a mesma coisa. Não só porque agora a conversa já não pode ser feita cara a cara, mas também porque já não há temas de conversa. Sem futebol, falamos sobre o quê? Como vamos culpar o árbitro e o VAR por erros nas partidas e por tudo o que está mal nas nossas vidas? Isto não se faz.

Sem futebol, na última semana dei por mim a falar ao telefone com os amigos sobre o tempo, como se fossemos vizinhos que se encontram no elevador e não têm nada para dizer. Foi horrível. Nesse momento chorei baixinho e limpei as lágrimas. E depois fui a correr autoflagelar-me com toalhetes, porque usei as mãos para limpar as lágrimas.

Outro aspecto que muda drasticamente nas nossas vidas futebolísticas é a ausência de programas de futebol à noite na televisão. O Covid substituiu a clubite, e agora só se fala nele. E o debate futebolístico, viril e altamente tendencioso, onde anda?

Para nós a vida não faz sentido sem ouvir alguém dizer, em direto, aos adversários, que foram beneficiados em dois penaltis, três foras-de-jogo e um canto duvidoso, mas escandaloso na mesma! Tudo culpa do imbecil do Corona.

Portanto, Covid, Corona ou lá como é que te chamas (Corona parece o seu nome artístico de drag queen, não parece?), vê lá se te atinas e nos devolves o nosso Portugal com futebolite aguda que tanto amamos. Se for preciso, não hesitaremos em recorrer a medidas extremas para te expulsar, tipo música do Toy.

Depois não digas que não te avisámos.

PS: Agora muito a sério. Afastados fisicamente, mas juntos na perseverança, como enorme povo que somos vamos vencer este maldito vírus de goleada. 15 a zero. Nada nem ninguém ganha à equipa da Humanidade. Todos por Todos.

«Pulga maldita» é um espaço de escrita criativa de Pedro Sepúlveda, copywritter da TVI, que escreve aqui às quartas-feiras de quinze em quinze dias. Siga o trabalho dele no Facebook