O Maisfutebol comprou a aplicação Notes4Fans, lançada por Leonardo Jardim, em semana de preparação para o clássico.

Podia ser uma forma de poupar 2,69 euros a Jorge Jesus, mas não: foi só por curiosidade. Claro que por arrasto ficamos à espera do agradecimento do técnico encarnado.

A aplicação permite por exemplo perceber que Leonardo Jardim se preocupou sobretudo com os aspetos táticos: fez três sessões de trabalho táticas, contra uma física e uma global.

A semana começou no entanto da melhor forma para os jogadores. Dois dias de folga: domingo e segunda-feira. Ora a partir daí sobraram quatro dias de treinos, que é por norma o que Leonardo Jardim costuma fazer.

Terça-feira
O primeiro dia trouxe dois treinos. A primeira sessão, a partir das 10 horas, durou oitenta minutos e teve como maior dominante a potência. A segunda sessão começou às 16.30 horas, durou também oitenta minutos e teve como predominância o treino global.

Nesta altura convém dizer que todos os treinos tem aspetos iguais: quinze minutos de aquilo que os leigos chamam de aquecimento (Jardim chama-lhes ativação geral e meinho e atribuiu cinco minutos ao primeiro e dez ao segundo), mais cinco minutos de alongamentos e cinco minutos de abdominais (no final do treino), mais uma pausa para hidratação no meio (mais cinco minutos).

Ora a sessão matinal teve uma dominante de potência, por isso caracterizou por exercícios curtos e intensos: triângulos técnicos (evolução de triângulos no campo, com três jogadores próximos a abrir linhas de passes entre eles), transições curtas, um jogo de cinco contra cinco e dez minutos de potência específica.

À tarde o treino foi dominante geral e bem menos intenso: os exercícios não foram tão curtos. Nessa altura Jardim trabalhou os quadrados técnicos (quatro jogadores em vez dos três da manhã) e meia hora de futebol em onze contra onze: o resto do tempo foi ativação, hidratação e alongamento.



Quarta-feira
A partir de quarta-feira os treinos foram sempre de dominante tática: ou seja, Leonardo Jardim teve três dias para preparar a estratégia para um jogo específico, neste caso o dérbi com o Benfica.

Começou por fazê-lo num treino de 85 minutos no qual dedicou dez minutos aos exercícios técnicos A3 (exercícios por setor de sensibilidade de passe e receção numa sequência de intensidade crescente) e mais dez minutos à finalização a três zonas (sempre três jogadores em zona de remate).

Estes foram exercícios sectoriais: para a parte final do treino ficaram reservados os exercícios gerais, nos quais os onze jogadores formavam uma equipa e Leonardo Jardim trabalhava a organização geral nas diversas fases do jogo, primeiro, e com um jogo a três quartos de onze contra onze, depois. Cada um destes exercícios ocupou vinte minutos e por isso metade do treino.

Quinta-feira 
Quinta-feira foi o dia do treino mais longo:95 minutos. Foi um treino também de dominante tática, mas que se dividiu entre duas vertentes: a organização geral da equipa e as bolas paradas.

A sessão começou com ativação, exercícios de velocidade e de agilidade, que ocuparam 35 minutos. Depois veio o trabalho tático. Vinte minutos de organização geral como no dia anterior (a equipa trabalha toda disposta em campo as ideias táticas gerais em função do jogo específico) e trinta minutos de bolas paradas (dez minutos de esquemas defensivas em cantos, dez minutos de esquemas defensivos em livres laterais e dez minutos em penalties e livres direitos ofensivos).

Refira-se que estes vinte minutos de trabalho defensivo dividiram-se em exercícios gerais e em exercícios específicos adaptados à forma como o Benfica trabalha as bolas paradas ofensivas.


Sexta-feira
O treino de sexta-feira foi o mais curto da semana (apenas 75 minutos) voltou a ser predominantemente tático, mas começou (depois da ativação, claro) com dois exercícios de potência: mobilização pré-velocidade e velocidade reação simples (exercícios curtos, cinco minutos cada, e muito intensos de potenciação da capacidade de explosão).

A partir daí veio o treino tático, que por se tratar da última sessão de trabalho antes do jogo foi bem mais ligeira: basicamente só se trabalhou as bolas paradas ofensivas. Dez minutos de cantos e dez minutos de livres laterais, mais uma vez com exercícios gerais (para qualquer adversário) e exercícios adaptados ao Benfica.

A sessão de 75 minutos terminou com livre e cantos diretos ofensivos (outra vez, pelo segundo dia consecutivo) que ocupou mais dez minutos. Entre os exercícios de bolas paradas ofensivas e os exercícios de livres e penalties houve um jogo em meio campo de caráter lúdico: a única preocupação é que os jogadores se divertissem.

Refira-se, de resto, que estas informações estão todas disponíveis na aplicação Notes4Fans, que Leonardo Jardim lançou em parceria com a empresa TFV.

Para além do que aqui foi escrito, o treinador tem também uma área de estatísticas individuais individuais e coletivas, acompanhamento dos jogos do Sporting e compilação de informações.

Dá por exemplo para acrescentar que o pormenor mais trabalhado durante os exercícios de treino foi o modelo de jogo, seguido da conexão entre jogadores, dos esquemas ofensivos e das técnicas de finalização. No plano oposto, o aspeto menos trabalhado esta semana foi a recuperação local: Jardim preocupou-se sobretudo com o ataque.

O treinador leonino tem também um mural onde por vezes dá informações específicas para os adeptos: esta semana deu apenas conta do treino de terça-feira, o primeiro da semana, que contou com a presença do junior Gelson Martins e que incindiu na potência específica.



Ana Vieira, da empresa TFV, explica que a aplicação é utilizada por vários treinadores em várias partes do mundo, sendo que cada um escolhe o nível de partilha de informações com os adeptos que quer ter: Leonardo Jardim tem nesse sentido muita informação na aplicação que não partilha.

De acordo com Ana Vieira, o treinador leonino já foi pior: nas últimas semanas abriu ao público informações que antes não partilhava.

A aplicação foi criada pela empresa em parceria com Leonardo Jardim e o adjunto Nelson Caldeira, pelo que é sobretudo uma ferramenta de trabalho: os treinadores têm à disposição um software de organização de informação com estatísticas, exercícios de treino, notas, enfim.

Um detalhe curioso: o treinador pode escolher que informação partilha com cada adepto: Jardim, por exemplo, pode partilhar dez informações com o adepto x e apenas cinco com o adepto y.

O que ameaça que o nível de informações a que o Maisfutebol vai ter acesso na aplicação vai baixar a partir da publicação deste artigo...