A receção do Famalicão ao Sporting desta quinta-feira (20h15), a contar para a 3.ª eliminatória da Taça de Portugal, é um jogo de reencontros para Nuno Diogo.

O experiente defesa-central dos minhotos enfrenta o Sporting, seu clube de formação entre os 9 e os 21 anos, onde foi capitão nos diversos escalões até à equipa B. O jogo é ainda mais especial porque Nuno Diogo vai reencontrar do lado de lá o guarda-redes Beto Pimparel, antigo colega de equipa não só na formação e na equipa secundária do Sporting como também no Leixões e Cluj, e que, fora dos relvados, é um dos seus melhores amigos [na foto principal, Beto é o primeiro de cima a contar da direita e Nuno Diogo o terceiro na mesma fila].

Nuno Diogo assinou esta temporada pelo Famalicão

Já lá vamos à história desta amizade entre ambos. Isto porque, além de Beto, em Alvalade Nuno Diogo cresceu com outros nomes bem conhecidos do futebol português: «Apadrinhei o Ricardo Quaresma e o Hugo Viana na equipa B. Eu era o capitão e eles ficaram no mesmo quarto comigo. O Ricardo era um gozão, estava sempre a brincar, mas destacava-se de todos pela habilidade. Ele e o Cristiano tinham algo de especial com eles.»

Cristiano Ronaldo? OK, falemos sobre isso: «O Cristiano esteve pouco tempo na equipa B, subiu logo à equipa principal (pela mão de László Bölöni). Era muito competitivo. Lembro-me de um treino em que eu lhe ganhava as bolas na defesa de ele me dizer: ‘No próximo, vou ganhar eu as bolas todas’ No treino seguinte, tivemos um grande duelo, ele ganhou muitas bolas divididas e no fim disse-me ‘eu não avisei?’»

Voltemos ao reencontro com Beto, que vai estrear-se na baliza leonina: fará o primeiro jogo na equipa principal e vai cumprir o sonho do pai, a quem deixou uma emotiva mensagem na sua página oficial do Facebook.

A estreia será apadrinhada pelo amigo Nuno Diogo, que ao Maisfutebol conta a reação que teve assim que soube o resultado do sorteio:

«‘Tinhas mesmo de ser tu a calhar contra mim…’, disse-lhe em jeito de brincadeira. Trocamos mensagens e falamos com frequência. Mais a sério, estou contente por ele jogar e poder cumprir o sonho do falecido pai, que era vê-lo jogar com a camisola da equipa principal do Sporting. Aliás, essa vai ficar para mim. Já combinámos trocar de camisolas no final do jogo. É quase uma tradição quando jogo contra ele. Tenho as camisolas dele no FC Porto, Leixões, Cluj, Sp. Braga, Sevilha…», conta o central de 35 anos, que neste defeso trocou o Feirense pelo clube minhoto.

Nuno Diogo (à esquerda) e Beto (à direita) comemoram juntos o título romeno pelo Cluj

Nuno Diogo qualifica Beto como um dos seus melhores amigos. Uma amizade que, recorda, vem da adolescência e que nasceu no Sporting, onde ambos fizeram parte da equipa B em 2001/02, e fortaleceu-se quando foram vizinhos e colegas de equipa no Leixões [2007/08] e reencontraram-se na Roménia, ao serviço do Cluj, onde foram campeões em 2011/12.

«Sou um ano mais velho do que ele e nem sempre coincidimos nas mesmas equipas nos escalões de formação, mas ficámos amigos desde essa altura. Ele é de Loures e eu de Odivelas e desde miúdos que tínhamos algumas coisas em comum. Depois, fomos fortalecendo a nossa amizade e na Roménia tornámo-nos mesmo muito próximos. Como eu já lá estava desde a época anterior e sabia falar alguma coisa de romeno, fui o apoio dele lá. Estávamos os dois sozinhos, ele sentia saudades do filho e coube-me o papel de nessa fase animá-lo e distraí-lo. Éramos inseparáveis. Lembro-me de uma vez em que ele partiu a cabeça num jogo contra o Vaslui e que não o larguei, ia visitá-lo ao hotel, levava-lhe comida. A minha mulher estava lá nessa altura e cozinhava para todos», conta o defesa-central.

Sobre o jogo desta quinta-feira, Nuno Diogo mostra-se ciente das dificuldades do Famalicão, que está na metade de baixo da II Liga e esta semana ficou sem o técnico Ulisses Morais, em defrontar um grande como o Sporting.

«Há uma diferença grande para o Sporting e temos uma probabilidade reduzida de passar. Mas jogamos em casa, contamos com os nossos adeptos e isso ajuda atenuar um bocadinho as diferenças», salienta o atleta, que durante 90 minutos terá de colocar de parte uma amizade de longa data: «Se penso em marcar um golo ao Beto? Claro… Se puder, até lhe marco dois.»