Colin Dolan sofre de Doença Bipolar há 30 anos. Do desespero provocado pelo diagnóstico, o inglês partiu para atravessar vários patamares emocionais, até aprender a lidar com o problema. Hoje diz, sem hesitar, que foi salvo pelo futebol – em geral – e pelo Everton – em particular.

Com 50 anos, Colin diminuiu gradualmente a pesada medicação e leva uma vida perfeitamente normal. Deixou de pensar no quadro negro que aparentemente o derrubara e passou a concentrar-se nos outros. Naqueles que padecem de algum tipo de doença mental.

Nesse sentido, Colin Dolan fundou um clube de futebol muito especial. Chama-se Mental Health Football Club UK. A instituição cresceu e passou nos últimos anos a ter ramificações por todo o Reino Unido.

Hoje, mais do que um simples emblema, é uma plataforma capaz de organizar campeonatos oficiais de futebol para pessoas atingidas por questões relacionadas com a saúde mental.

Um dos lados bons do futebol: ajudar a salvar vidas.

«Soube que o Everton tinha um programa de apoio a pessoas com algum tipo de limitação no foro mental. Honestamente, não sei se estaria aqui a falar consigo se não fossem as pessoas do clube. Conheci pessoas e histórias inspiradoras, percebei que o futebol é a melhor das terapias», diz Colin Dolan ao Maisfutebol.   

«Apareci no lugar certo à hora certa. E salvei-me. Encontrei um rumo, a motivação de fazer parte de algo verdadeiramente belo. Integrei-me na equipa criada pelo Everton para pessoas com problemas mentais e a partir daí tudo fluiu naturalmente».
  Colin Dolan tem passado as últimas décadas a aproximar pacientes e futebol. Há, aliás, vários clubes ingleses envolvidos no projeto, seja através da cedência de infraestruturas ou treinadores, seja com injeções financeiras ou publicitação ao Mental Health FC.

«Trabalhamos diretamente com três clubes ingleses – Guiseley AFC, Vauxhall FC e Stalybridge Celtic – e temos o apoio pontual de outros. O Everton, como expliquei, está connosco desde o início e o Arsenal vai associar-se em breve».

Na prática, o projeto é isto: o Mental Health FC aproxima-se de instituições para doentes psiquiátricos ou estabelecimentos de ensino especiais e procura atrair pessoas para o mundo bom do futebol.

«A integração, e o simples facto de fazerem desporto, tem sido extremamente benéfica para milhares e milhares de doentes. Realizamos torneios em Inglaterra, Escócia, Irlanda do Norte e País de Gales. Devolvemos, literalmente, a capacidade de sorrir a muita gente»
.  
 

Festa no final de mais um torneio do Mental Health UK

O entusiasmo de Colin revela-se a cada afirmação sobre o seu projeto.

«Amo, amo do fundo do coração, a forma como o futebol pode ajudar tanto. Muda tantas vidas, como mudou a minha, e continuará a mudar. Insisto: a comunidade mental do Everton salvou-me de uma morte precoce»
.

O crescimento do Mental Health FC UK tem sido «impressionante»
. Colin revela-nos mais alguns detalhes.

«Estamos a trabalhar com a Universidade de Edge Hill na criação de um site oficial. Estamos também a trabalhar com o Dr. Jigar Jogia, da Universidade de Aston, num estudo alargado sobre os efeitos da 'Terapia do Futebol' nos participantes. Queremos que o mundo da Medicina oficialize este mecanismo como processo de tratamento e cura, quando isso é possível»
.

O futebol como terapêutica adicional. De longo termo. Um bom exemplo e um alerta para todos os que amam, como Colin, a modalidade: nada pode estragar o mais belo jogo do mundo.

«Na minha opinião, o futebol é só o ponto de partida. São os benefícios que surgem progressivamente aquilo que realmente interessa. Ver alguém a abandonar o escuro, a socializar, a rir, a celebrar uma vitória, a ganhar auto-confiança depois de uma finta: nada paga isto»
.

No verão de 2015 será organizado o primeiro torneio internacional Mental Health UK. Todo o dinheiro angariado será aplicado para diversas iniciativas da Terapia do Futebol
.

O projeto continua a crescer.
 

Nem a neve é capaz de parar o Mental Health UK