Com 50 anos, Colin diminuiu gradualmente a pesada medicação e leva uma vida perfeitamente normal. Deixou de pensar no quadro negro que aparentemente o derrubara e passou a concentrar-se nos outros. Naqueles que padecem de algum tipo de doença mental.
Nesse sentido, Colin Dolan fundou um clube de futebol muito especial. Chama-se Mental Health Football Club UK. A instituição cresceu e passou nos últimos anos a ter ramificações por todo o Reino Unido.
Hoje, mais do que um simples emblema, é uma plataforma capaz de organizar campeonatos oficiais de futebol para pessoas atingidas por questões relacionadas com a saúde mental.
Um dos lados bons do futebol: ajudar a salvar vidas.
«Soube que o Everton tinha um programa de apoio a pessoas com algum tipo de limitação no foro mental. Honestamente, não sei se estaria aqui a falar consigo se não fossem as pessoas do clube. Conheci pessoas e histórias inspiradoras, percebei que o futebol é a melhor das terapias», diz Colin Dolan ao Maisfutebol.
«Apareci no lugar certo à hora certa. E salvei-me. Encontrei um rumo, a motivação de fazer parte de algo verdadeiramente belo. Integrei-me na equipa criada pelo Everton para pessoas com problemas mentais e a partir daí tudo fluiu naturalmente».
Football Tournament #mentalhealth #footballtherapy pic.twitter.com/ZhDbX0gOfx
— Mental Health (@soccer_4_all)
April 8, 2015
Colin Dolan tem passado as últimas décadas a aproximar pacientes e futebol. Há, aliás, vários clubes ingleses envolvidos no projeto, seja através da cedência de infraestruturas ou treinadores, seja com injeções financeiras ou publicitação ao Mental Health FC.
«Trabalhamos diretamente com três clubes ingleses – Guiseley AFC, Vauxhall FC e Stalybridge Celtic – e temos o apoio pontual de outros. O Everton, como expliquei, está connosco desde o início e o Arsenal vai associar-se em breve».
Na prática, o projeto é isto: o Mental Health FC aproxima-se de instituições para doentes psiquiátricos ou estabelecimentos de ensino especiais e procura atrair pessoas para o mundo bom do futebol.
«A integração, e o simples facto de fazerem desporto, tem sido extremamente benéfica para milhares e milhares de doentes. Realizamos torneios em Inglaterra, Escócia, Irlanda do Norte e País de Gales. Devolvemos, literalmente, a capacidade de sorrir a muita gente» .
Festa no final de mais um torneio do Mental Health UK
O entusiasmo de Colin revela-se a cada afirmação sobre o seu projeto.
«Amo, amo do fundo do coração, a forma como o futebol pode ajudar tanto. Muda tantas vidas, como mudou a minha, e continuará a mudar. Insisto: a comunidade mental do Everton salvou-me de uma morte precoce» .
O crescimento do Mental Health FC UK tem sido «impressionante» . Colin revela-nos mais alguns detalhes.
«Estamos a trabalhar com a Universidade de Edge Hill na criação de um site oficial. Estamos também a trabalhar com o Dr. Jigar Jogia, da Universidade de Aston, num estudo alargado sobre os efeitos da 'Terapia do Futebol' nos participantes. Queremos que o mundo da Medicina oficialize este mecanismo como processo de tratamento e cura, quando isso é possível» .
O futebol como terapêutica adicional. De longo termo. Um bom exemplo e um alerta para todos os que amam, como Colin, a modalidade: nada pode estragar o mais belo jogo do mundo.
«Na minha opinião, o futebol é só o ponto de partida. São os benefícios que surgem progressivamente aquilo que realmente interessa. Ver alguém a abandonar o escuro, a socializar, a rir, a celebrar uma vitória, a ganhar auto-confiança depois de uma finta: nada paga isto» .
No verão de 2015 será organizado o primeiro torneio internacional Mental Health UK. Todo o dinheiro angariado será aplicado para diversas iniciativas da Terapia do Futebol .
O projeto continua a crescer.
Nem a neve é capaz de parar o Mental Health UK