Não é apenas à escala portuguesa que se fala dos custos da interioridade ou da centralização de meios. Um olhar para o mapa do próximo Campeonato do Mundo permite perceber facilmente que, dos 8,5 milhões de quilómetros quadrados que constituem a área do Brasil, é o litoral a receber a parte de leão. Uma realidade válida para as cidades-sede (oito em doze são costeiras, ou próximas do mar) e também para os quartéis-generais que vão acolher as 32 seleções participantes: das 84 propostas oficiais de alojamento e centro de treinos feitas pela FIFA, 60 situavam-se no triângulo formado pelos estados de São Paulo-Rio de Janeiro e Minas Gerais.



Não surpreende, por isso, que uma esmagadora maioria tenha escolhido a região centro-sul para alojamento e campo de treinos: das 26 seleções que já comunicaram a sua escolha, 19 ficam nesse eixo. Ao anunciar a escolha de Campinas como sede de trabalho para o Mundial 2014, a seleção portuguesa seguiu o exemplo de grande parte das seleções participantes, que encontraram no estado de São Paulo as melhores condições: quer no equilíbrio entre qualidade de hoteis e centro de treino, quer na questão das viagens ou, ainda, no que diz respeito às condições do clima e humidade.

Queiroz escolheu o Corinthians

São 12 as seleções alojadas em redor da maior cidade brasileira, São Paulo.
Portugal, em Campinas, terá por perto (55 kms) as representações da Rússia e do Japão, que escloheram cidade de Itu. Também a cidade costeira de Santos terá direito a acolher duas seleções - México e Costa Rica - com os costarriquenhos a chamarem a si o privilégio de trabalhar no Centro de Treinos do Santos, Vila Belmiro. Bem perto, em Guarujá, ficará a única seleção estreante deste Mundial, a Bósnia Herzegovina.

Treinada por Carlos Queiroz, a seleção do Irão, parceira dos bósnios no grupo F, optou pela proximidade ao aeroporto de Guarulhos e vai também ter um centro de treinos ilustre ao dispor: o do Corinthians. Não muito longe de Sampa, em Mogi das Cruzes, ficará a seleção da Bélgica e, mais para o interior do estado, a França optou pela cidade de Ribeirão Preto enquanto Honduras vai ficar em Porto Feliz. De resto, as seleções da Nigéria e dos Estados Unidos, esta última adversária de Portugal no grupo G, também já confirmaram que vão ficar no estado de São Paulo, embora ainda sem confirmação do local.

Rio fica com o filet mignon dos candidatos

Se a maioria se arruma em redor de São Paulo, nenhuma dúvida de que o estado do Rio de Janeiro troca a quantidade pela qualidade: são apenas quatro as seleções que acolhe, mas todas elas candidatas ao título. A começar pelo Brasil, de Scolari, que como é tradição se vai instalar na Granja Comary, em Terezópolis. A Itália, por seu lado, vai ficar perto da praia de Angra dos Reis, num resort em Mangaratiba, a cem quilómetros da cidade maravilhosa. Já a Holanda, sem qualquer receio de se instalar no coração turístico do Rio, vai ficar alojada em Ipanema e treinar nas instalações do Flamengo. Já a Inglaterra, com alguma polémica à mistura, optou por ficar em São Conrado, não muito longe da célebre favela da Rocinha. Os tablóides já esfregam as mãos de contentes...

O Estado de Minas Gerais foi preferido pelas seleções sul-americanas: em Belo Horizonte, a Argentina optou pelo centro de treinos do Atlético Mineiro, enquanto o Chile ficou com as instalações do rival Cruzeiro. Já o Uruguai, procurando um pouco de tranquilidade para tentar reeditar 1950, escolheu Sete Lagoas, a 70 quilómetros da capital do estado.

Gana e Espanha nos extremos do mapa

A norte deste triângulo central, duas seleções (Austrália e Equador) optaram pela cidade de Vitória, no estado de Espírito Santo e, ainda mais para cima, no nordeste, o estado da Baía convenceu as seleções da Croácia (que vai ficar no resort da Praia do Forte), da Alemanha (a adversária de Portugal na estreia vai estrear em Santa Cruz de Cabrália um resort feito de raiz por um grupo germânico) e da Suíça, que escolheu Porto Seguro, ali mesmo ao lado.

Falta falar nos extremos geográficos deste mapa: a norte, o Gana, último adversário de Portugal na fase de grupos, que escolheu a cidade de Maceió, no estado de Alagoas, aparentemente sem se preocupar com os relatórios que apontam esta cidade como uma das que têm maior taxa de criminalidade no Brasil. Já a campeã do mundo em título, a Espanha vai ficar na região mais a sul, em Curitiba, a cidade com temperatura mais baixa, de entre todas as que ofereciam alojamento e centros de treino.

Das seis seleções que ainda não anunciaram o quartel-general, a única europeia é a Grécia, comandada por Fernando Santos, sendo as restantes as da Argélia, Camarões, Colômbia, Coreia do Sul e Costa do Marfim.