Fernando Santos abrilhantou uma ação de formação realizada esta segunda-feira na escola do Curral das Freiras, na Madeira. A palestra durou mais uma hora e numa conversa descontraída, o selecionador nacional falou de diversos assuntos relacionados com a carreira de treinador e fez questão de deixar palavras elogiosas a Ricardo Quaresma e, claro, a Cristiano Ronaldo.

Na sequência do desejo dos jovens jogadores em tentarem ser os próximos CR7´s, Fernando Santos foi bem claro. «O Cristiano Ronaldo é irrepetível», sublinhou, referindo-se ao madeirense como um jogador referência no contexto de todos aqueles que já treinou até agora.

«Eu queria 20 Ronaldos, não queria só um!», brincou.

Sobre Ricardo Quaresma e o facto de fazer a diferença sempre que salta do banco, o selecionador nacional rejeita a ideia do extremo do FC Porto estar talhado para ser a «arma secreta» embora assuma: «Há jogadores que têm uma capacidade única e há poucos jogadores que conseguem mexer com o jogo quando entram. O Quaresma é um desses exemplos pois têm uma confiança altíssima no potencial dele e quando entra no relvado é como se estivesse a beber água.»

Em relação à gestão dos jogadores que estão no banco, Fernando Santos não tem dúvidas: «A parte mais difícil de ser treinador é gerir os que não jogam. Nem todos podem jogar e alguns reagem melhor e outros pior.»

«Na seleção é mais difícil porque não temos tanto tempo para estar com eles. É muito difícil gerir os que não jogam. Todos eles acham que são os melhores, e isso é legítimo», reforçou.

Sobre a carreira de treinador, o treinador da equipa das quinas agradeceu ironicamente a Nunes de Carvalho, antigo presidente do Estoril, que o despediu ao fim de 20 anos de trabalho no clube lisboeta: «Na altura fiquei revoltado mas hoje em dia quando o encontro agradeço-o porque foi depois dessa altura que decidi mesmo ver se tinha ou não jeito para ser treinador.»

Comparando a mentalidade dos gregos com os portugueses, Fernando Santos destacou: «Aqui há mais profissionalismo mas há mais dificuldades nos relacionamentos.»

Os treinadores portugueses mereceram elogios do selecionador, também: «São muito melhores do que os outros porque conseguiram juntar duas coisas: o facto de serem rápidos a pensar (muitos foram ex-jogadores de futebol) e um grande conhecimento (muitos têm formação académica na área).»

O selecionador português revelou ainda que foi ao primeiro jogo de futebol quando tinha 50 dias de idade. “Foi na inauguração do estádio da Luz. Naquela altura os sábados e os domingos da minha família eram passados entre o desporto”, recordou, em jeito de conclusão.