Não sou a favor nem contra as equipas que montam o seu futebol apenas na posse, nem acho que as resultadistas e que fazem do contra-ataque uma arte sejam melhores do que as outras. O futebol, para mim, é tão bonito ao fim de 30 passes consecutivos, como depois de dois que aproveitam por completo os desequilíbrios do rival. É sinal de inteligência. Gosto da diversidade, sou contra fundamentalismos.

O Atleti da marca Simeone é isto. Equilíbrio, equilíbrio e mais equilíbrio, sofreguidão na luta pela bola até à exaustão, solidariedade entre todos em campo até aparecer aquela oportunidade. É uma equipa, de uma ponta à outra no campo, e nem podia ser de outra forma. Um grupo que cresce no espaço deixado vazio pelos rivais - que gostam de tocar a bola mais vezes e com mais talento - muitas vezes nas suas costas. São as suas armas, e sente-se confortável assim.

Os colchoneros eliminaram já talvez os dois maiores favoritos à conquista da Liga dos Campeões, Barcelona e Bayern, que têm obviamente semelhanças na estratégia. Estão na segunda final em três anos. Na Luz estiveram perto de ficar com a Taça, e depois caíram exaustos no prolongamento, precisamente perante um dos seus possíveis adversários em Milão: o Real Madrid. E que voltaria a ser favorito, nem que seja por estar a atacar a Undecima e não a primeira.

Mas não estará perdido à partida, isso prometem desde o Vicente Calderón.

O mérito é inegável. Cholo Simeone não tem as mesmas armas que os rivais e mesmo assim há quatro anos e meio que consegue batê-los. Não sempre, nem o poderia ser, mas de tempos a tempos, muitas vezes nos jogos mais importantes. E, com isso, rebate o argumento de que uma equipa defensiva nunca conseguirá manter-se no topo muito tempo.

Há menos de cinco anos lá em cima, o Atletico tem já cinco títulos: uma liga, uma Taça do Rei, uma Supertaça de Espanha, uma Liga Europa e uma Supertaça Europeia. E continua voraz como antes.

O Atletico na final da Champions? Só porque merece.

LUÍS MATEUS é subdiretor do Maisfutebol e pode segui-lo no TWITTER. Além do espaço «Sobe e Desce», é ainda responsável pelas crónicas «Era Capaz de Viver na Bombonera» e «Não crucifiquem mais o Barbosa» e pela rubrica «Anatomia de um Jogo».