Especialistas da área da Diabetes acusam uma juíza de fazer «um disparate», ao suspender um despacho governamental que permitia aos Técnicos de Ambulância e Emergência (TAE) administrar uma injeção para travar crises de hipoglicemia, escreve o Jornal de Notícias. Alguns dizem mesmo, que a decisão da magistrada coloca em risco a vida dos diabéticos.

Recorde-se que a Ordem dos enfermeiros apresentou no Tribunal Administrativo de Lisboa uma providência cautelar a contestar o referido despacho governamental, que entrou em vigor em dezembro passado.

Luís Gardete Corrreia, da Sociedade Portuguesa de Diabetologia, afirmou ao JN que «a decisão é um completo disparate, quem decidiu não pode estar dentro do contexto. São os doentes que saem a perder». E acrescenta que «qualquer pessoa pode dar, não faz sentido que um técnicos não o possa fazer».

A injeção em causa, de glucagom (glicose), é administrada em vítimas de hipoglicemia. A injeção intramuscular pode ser administrada por qualquer pessoa, uma vez que não acarreta riscos. A mesma fonte lembra que os familiares dos diabéticos, sejam analfabetos ou professores universitários aprendem, em cinco minutos, a administrar a injeção.

Já José Manuel Boavida, diretor do Programa Nacional para a Diabetes diz que «não dar o glucagom é que pode ser um risco. Adiar 20 ou 30 minutos pode ser dramático». Este especialista lamenta que problemas laborais entre enfermeiros e Técnicos de Ambulância e Emergência possam prejudicar os pacientes.

Desde dezembro foram dadas injeções em 101 situações graves de hipoglicemia, permitindo salvar os doentes.

Ainda segundo o JN, a magistrada que suspendeu o despacho é a mesma que decidiu contra o encerramento da MAC, em Lisboa.