O encerramento da urgência do Hospital de José Luciano de Castro promete continuar a dar que falar, com o presidente da Câmara de Anadia a insistir na estratégia de combate e defesa de um serviço que considera vital para a sua população. Desta forma, acredita que Correia de Campos «ainda vai mudar de opinião».

Em conferência de imprensa, Litério Marques aproveitou para voltar a atacar o ministro da Saúde, acusando-o de estar a falsear dados para justificar a sua decisão. Isto surge depois da fundamentação apresentada pelo Ministério da Saúde junto do Tribunal Administrativo e Fiscal de Viseu, onde a Câmara de Anadia havia interposto uma providência cautelar para suspender o encerramento do serviço de urgência do Hospital.

A providência cautelar foi aceite com «carácter de urgência» por um juiz no dia 30, um domingo à noite, mas Correia de Campos respondeu com igual agilidade, usando o recurso de utilidade pública para poder encerrar os serviços no dia 2 de Janeiro, como estava previsto.

O ministro fundamentou o despacho que determinou o encerramento alegando existir um perigo objectivo que não pode ser ignorado pela falta de condições, transmitindo uma falsa sensação de segurança às populações. «A fundamentação do despacho enviada ao Tribunal é falsa e toda a gente reconhece o serviço prestado no Hospital de Anadia, que, se não tivesse qualidade, não era certificado internacionalmente», afirmou Litério Marques.

Neste sentido, o autarca passa para o ataque cerrado, sempre coadjuvado pela jurista Fátima Dourado, que lhe ia segredando leis e frases sempre que faltava a argumentação ao líder. Em tom meramente político, acusou o ministro de dar «a falsa imagem de um hospital degradado e sem meios». «Temos em Anadia 150 profissionais com curso avançado de suporte de vida e equipamentos de topo que custaram milhões de euros», vincou, lembrando que as instalações renovadas foram inauguradas «há pouco mais de dois anos».

Uma luta para continuar

Os tribunais vão continuar a tramitação legal na providência cautelar apresentada em Viseu, mas «a luta vai continuar», estando já prevista uma manifestação para esta quarta-feira à noite junto ao hospital. No sábado é a vez do secretário-geral do PCP, Jerónimo de Sousa, visitar a cidade para se solidarizar com a população.

«Não estou a fazer política partidária contra o ministro. Eu quero lá o ministro e o governo, porque, para mim, a estabilidade governativa é essencial ao país, e não é por sermos do PSD que estamos aqui. Estamos todos juntos nesta luta justa, sem constrangimentos partidários, incluindo os vereadores e deputados municipais do PS, porque Anadia não troca o que tem bom pelo incerto», disse o líder camarário

Conhecendo a forma de estar de Correia de Campos, Litério Marques diz não acreditar em promessas, mas ainda acha que «o ministro vai mudar de opinião». Nesse sentido, já o convidou pessoalmente para ir a Anadia conhecer a situação no terreno.