A ministra da Educação deverá enfrentar este sábado o maior protesto de professores de sempre, depois de duas semanas em que, um pouco por todo o país, milhares de docentes se manifestaram e disseram «basta» às políticas educativas do Governo socialista, escreve a Lusa.

Os sindicatos do sector estimam que mais de 60 mil professores participem na «Marcha da Indignação», que arranca do Marquês de Pombal cerca das 15:00 em direcção ao Terreiro do Paço, em Lisboa, zonas onde o trânsito estará cortado pela PSP.

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Sob os lemas «Assim não se pode ser professor» e «A escola pública não aguenta mais esta política», este protesto será o ponto mais alto de uma onda de contestação à equipa de Maria de Lurdes Rodrigues, que hoje, mais uma vez, deverá ouvir nas ruas o pedido da sua demissão.

Sentimento de insatisfação

A manifestação é justificada com um sentimento generalizado de «insatisfação», «indignação» e «desrespeito», mas também com as consequências do novo Estatuto da Carreira Docente, sobretudo em relação ao modelo de avaliação de desempenho, que os sindicatos contestam exigindo a sua suspensão.

O último protesto nacional de professores decorreu em Outubro de 2006 e reuniu em Lisboa mais de 20 mil docentes, naquela que foi até à data a maior manifestação da classe.

Não acredito nos sindicatos

Em entrevista ao semanário Expresso publicada este sábado a ministra da Educção, Maria de Lurdes Rodrigues, confessa que já «desistiu de obter o apoio dos sindicatos» e está convicta de que terá «tempo para acabar o que começou».

Maria de Lurdes diz ao Expresso compreender os protestos: «O que se está a propor na Educação é uma mudança muito profunda, alterações a vários níveis - estatuto dos professores, gestão das escolas, estatuto do aluno, reorganização das escolas do 1ºciclo, cursos profissionais ao nível do secundário. É natural que haja apoio, perplexidade, resistência, avaliações positivas e até avaliações negativas».

Para a ministra, apesar de reconhecer que os sindicatos são instituições que representam os interesses dos trabalhadores, não é fácil «negociar» com eles.

«Se me pergunta se tenho esperança de que os sindicatos possam definir uma política educativa em que prevaleçam os interesses dos alunos, não tenho», responde prontamente.