A segunda noite de paralisação das empresas de transporte contra o aumento do preço dos combustíveis foi marcada por avanços e recuos quanto à continuação dos protestos, mas sem incidentes de maior, noticia a agência Lusa.

Cerca da 1h00 a comissão organizadora da paralisação anunciou a suspensão da paralisação na sequência de uma reunião da comissão com a direcção da Associação de Transportadores Públicos Rodoviários de Mercadorias (ANTRAM).

Camiões apedrejados, pneus e depósitos furados

Homem atropelado no Carregado

90 mil camiões parados

No entanto, uma hora depois, cerca das 2h00, a comissão de camionistas decidiu recuar na decisão de suspender a paralisação, após contactar todos os piquetes, que se manifestaram contrários à desmobilização.

No entanto, cerca das 4h30, os camionistas da região centro decidiram levantar a paralisação, segundo Sousa Gomes, empresário de Pombal, que se identificou como um dos elementos da comissão negociadora.

Esta decisão abrange os camionistas concentrados em Coimbra, Penacova, Pombal, Batalha, Figueira da Foz e Condeixa-a-Nova.

Os camionistas presentes no local foram aconselhados pelo membro da comissão negociadora «a seguir viagem só durante o dia».

Já esta manhã, o comando geral da GNR disse à Lusa que só confirma a continuação de piquetes na zona de Aveiras e Carregado e que existem camionistas a desmobilizar na região centro.

Apedrejamento nocturno

Durante a noite, apenas se registou um apedrejamento de um camião na zona de Castelo Branco, mas que não causou ferimentos.

O Ministério dos Transportes espera até ao fim da semana concluir um pacote de medidas que minimizem o impacto dos aumentos dos preços dos combustíveis no sector dos transportes rodoviários de mercadorias.

Governo reúne dois dias seguidos

Segundo o ministro Mário Lino, as reuniões com a direcção da ANTRAM prosseguem quarta e quinta-feira, devendo, até ao final da semana, ser aprovado um pacote de medidas para o sector.

Entre as reivindicações da comissão mediadora dos transportadores está a criação do gasóleo profissional, com equiparação de preços Portugal/Espanha, a diferenciação positiva fiscal, ajudas de custo e o incentivo à renovação das frotas.

A Associação Portuguesa de Empresas de Distribuição (APED) e a Federação das Indústrias Portuguesas Agro-Alimentares (FIPA) alertaram segunda-feira que o prolongamento da paralisação dos transportadores pode causar cortes nos abastecimentos ao público.

A BP admite que «algumas bombas poderão começar a sentir dificuldades» no abastecimento devido à paralisação dos transportadores.

Incidentes por todo o país

Face a alguns episódios de violência nos piquetes de camionistas um pouco por todo o País, contra camionistas que se recusaram a parar, o Ministério da Administração Interna (MAI) avisou que os autores de actos ilícitos como violência ou constrangimento, serão responsabilizados penalmente.

«A liberdade pessoal constitui um direito fundamental dos cidadãos (...)e a sua violação não pode ser tolerada. Por isso, as forças de segurança têm utilizado os meios humanos e materiais necessários para garantir que todos aqueles que querem exercer os seus direitos o façam, sem sofrerem constrangimentos ou violências», refere o comunicado do MAI.

«Os autores de actos ilícitos serão responsabilizados penalmente por esses actos, nos termos da lei», conclui.