Mais de 1.500 professores «invadiram» esta quarta-feira as ruas da cidade de Viseu, num cordão humano que pretendeu dizer «basta» à política educativa do Governo socialista, escreve a Lusa.

O cordão humano deslocou-se do Auditório Mirita Casimiro para o Governo Civil de Viseu, dando uma volta pelo Rossio para que fosse perceptível a quantidade de professores que aderiram à acção de protesto.

«Nunca estiveram nesta rua tantos professores. Temos aqui uma lição de determinação, de confiança nos sindicatos da Fenprof e de reprovação das políticas educativas», garantiu Francisco Almeida, dirigente do Sindicato dos Professores da Região Centro (SPRC).

Segundo este dirigente sindical, está a assistir-se a «um protesto sem precedentes contra as políticas educativas», frisando que, depois de terça-feira terem estado três mil professores em Coimbra, esta quarta-feira estiveram dois mil em Viseu.

Fontes policiais apontaram aos jornalistas, no entanto, um número ligeiramente mais baixo, «entre 1.500 a 1.600» professores.

«No Ministério da Educação a asneira pega de estaca e germina rapidamente», «Com o Governo contra os professores a educação não melhora» e «Não há progresso sem conhecimento. Os professores exigem respeito pela sua profissão», eram algumas das faixas que os professores levavam nas mãos.

Pelo meio da massa humana proliferavam também os cartazes, com frases como «Assim não se pode ser professor», «Basta de arrogância», «Avaliação sim! Humilhação não!» e «Basta de prepotência».

Houve quem optasse por «adereços» mais originais, como um guarda-chuva enfeitado com faixas negras. «É para me tentar proteger de certas coisas que vêm do alto, do Ministério», justificou à Agência Lusa João Santos Melo, professor da escola básica do primeiro ciclo de Lamego.

O professor frisou que não poderia ter faltado ao cordão humano de Viseu, por estar «revoltado com a política do Ministério da Educação, que é desastrosa para a escola pública».

Lurdes Paraíso, professora de Educação Visual na escola de Vila Nova de Tazem, optou por levar na cabeça uma faixa preta com a inscrição «Basta». «Nos últimos tempos o ensino tem sido atacado de diferentes formas e temos que dizer basta», justificou, considerando que o Ministério da Educação se tem preocupado «em ter muita acção, mas com pouca qualidade».

Esta professora aconselhou a ministra da Educação a olhar atentamente para o trabalho dos estilistas, «que planeiam a moda com um ano de antecedência», e deixar de «tomar decisões na hora, como tem acontecido».

Os professores gritaram que «é urgente uma política diferente» e, antes de desmobilizarem, acenaram com lenços brancos à ministra Maria de Lurdes Rodrigues, pedindo-lhe «vai-te embora».