[Actualizada às 13h13]

A adesão global à greve da Função Pública situa-se acima dos 80 por cento, disse hoje a coordenadora da Frente Comum, Ana Avoila, uma das estruturas sindicais que convocou a paralisação. O secretário de Estado da Administração Pública, João Figueiredo, rebate estes números e diz que a adesão ao protesto apenas chegas aos 20 por cento.

«Os dados carregados pelos serviços públicos, sem qualquer interferência de ministérios, revelam que a adesão está nos 20 por cento. Mais precisamente 20,03 por cento. Os dados estão disponíveis no site das Finanças e podem ser consultados», disse em conferência de imprensa.

Ana Avoila adiantou que a adesão tem maior incidência nos sectores da educação, saúde e justiça. A dirigente sindical, que se encontra acompanhada pelo secretário-geral da CGTP Manuel Carvalho da Silva, falava aos jornalistas durante uma paragem no INEM (Instituto Nacional de Emergência Médica) para acompanhar o desenvolvimento da greve.

Na área da Justiça, Ana Avoila apontou alguns exemplos de Tribunais encerrados por todo o pais, como é o caso do Tribunal de Gondomar, Vila do Conde, Famalicão, Aveiro, Viseu, Guarda, Oeiras, Almada, Caldas da Rainha, Abrantes, Montemor-o-Novo, Silves e Vila Real de Santo António.

Ana Avoila acrescentou que os serviços centrais de Finanças registam uma adesão na ordem dos 50 por cento. O secretário-geral da CGTP, Manuel Carvalho da Silva, que está a visitar durante o dia de hoje alguns dos serviços em greve, afirmou que «é inquestionável que está em curso uma grande greve na Função Pública».

Escolas vazias

O secretário-geral da FENPROF, Mário Nogueira, fez hoje de manhã um primeiro balanço positivo da greve da Função Pública no que diz respeito à educação, encontrando-se encerradas várias escolas de Norte a Sul do País.

«Os dados que nos chegam são de adesão elevadíssima», disse à Lusa Mário Nogueira, ressalvando que ainda não é possível saber a adesão dos professores porque a maior parte das escolas encontram-se encerradas.

Em Lisboa estão encerradas as Escolas secundárias de Gil Vicente, Francisco Arruda, Restelo, Nuno Gonçalves, Paços Manuel, Marquês de Pombal, Telheiras, Almada Negreiros, EB 2-3 Olivais, Escola 1-7-5 dos olivais e Afonso Domingues. No Porto, há notícia de que pelo menos duas escolas fechadas a cadeado. Estão encerradas as Escolas secundárias de Resende, Fontes Pereira de Melo, EB 2+3 Gomes Teixeira, EB Pires de Lima e EB de Gondomar.

Este é um protesto que os portugueses dizem apoiar: 55,5 por cento dos inquiridos no barómetro da Markteste para a TSF e DN dizem que concordam com esta greve.

«Sem razão de ser»

«A greve é um direito constitucional consagrado, o que não quer dizer, no nosso entender, que se justifique», declarou Vitalino Canas à agência Lusa. «Esta é uma greve que não tem razão de ser. É uma reivindicação no sentido de os vencimentos serem aumentados mais do que é possível», defendeu.

Para o porta-voz do PS, o que as finanças públicas permitem é apenas «manter o poder de compra» dos funcionários públicos, como pretende o Governo, e não aumentá-lo.