Os moradores da localidade de Celeiro, no concelho da Batalha, criaram uma associação para contestar judicialmente a construção de uma rede eléctrica de muito alta tensão projectada para o local.

«A associação foi constituída terça-feira e passamos a estar em condições de negociar com a Rede Eléctrica Nacional (REN) ou de colocar uma acção no tribunal se não tivermos resposta», explicou Rogério Paulo, um dos promotores da estrutura.

REN: 20 anos para saber se «alta tensão» faz mal

Alta tensão: câmara de Sintra paga enterramento

A Associação de Moradores do Celeiro e Lugares Limítrofes pretende «mover um processo judicial» caso as reivindicações da população não sejam atendidas.

No local é reclamado, nomeadamente, que os residentes nas proximidades da subestação eléctrica do Celerio sejam realojados noutro local, tendo em conta os riscos para a saúde pública decorrentes da concentração de várias linhas de grande potência.

Agora, a associação quer angariar sócios e alertar a população para os riscos das emissões electromagnéticas na zona, pelo que tem já agendada uma manifestação para quinta-feira às 17:00.

Nessa concentração, junto à subestação eléctrica do Celeiro, são esperados dirigentes do Bloco de Esquerda, entre os quais o deputado Francisco Louça, revelou Rogério Paulo.

Além da transferência das casas vizinhas da actual subestação, os moradores reclamam o enterramento da nova linha a dois metros de profundidade, uma medida que «impede a propagação das ondas electromagnéticas», com «efeitos na saúde pública».

As reivindicações da população são também subscritas pela Câmara Municipal da Batalha, que deu um parecer negativo à nova linha de muito alta tensão Batalha-Lavos, cujo estudo de impacto ambiental terminou há uma semana.

Em resposta a estas reivindicações, a REN já demonstrou «por escrito» a sua disponibilidade para fazer um estudo geral, tutelado pela Direcção-Geral de Saúde.

«É o que faz sentido», porque «temos aqui uma conjugação enorme de campos electromagnéticos que acabam por ser estudados de forma isolada em vez de ser em conjunto», explicou à Agência Lusa o presidente da autarquia, António Lucas, que reclama a suspensão do processo de instalação da nova linha até que seja feita uma análise global.

António Lucas recorda que o concelho já é atravessado por «muitas outras linhas» e aquela subestação da REN é a única da região que está no «interior do perímetro urbano» da localidade de Celeiro.