FIGURA DO JOGO: Gyökeres

«Que surpresa», pensará o nosso leitor. Ainda que Israel ou Arruabarrena merecessem também esta distinção, o avançado sueco foi letal ao primeiro remate enquadrado, que coincidiu com o primeiro erro na linha recuada do Arouca. Depois de se voltar a isolar na lista dos artilheiros da Liga, com 19 golos, Gyökeres procurou o bis, mas Arruabarrena aplicou uma das melhores exibições da época.

Em suma, o amuleto de Amorim continua a render. Se, em 2021, a estrelinha do Sporting era algo espiritual, agora é, diria, sobre-humano, tal é a eficácia do internacional sueco. Será seguro recuperar uma composição de Jorge Palma e apostar que enquanto houver Gyökeres a carborar, o líder da Liga há-de continuar.

MOMENTO DO JOGO: Geny soltou a festa, Hjulmand aproveitou a boleia

Corriam os derradeiros minutos e, face a uma Arouca desgastado e frustrado, o Sporting aproveitou para, pela primeira vez, pôr «gelo» e esperar por brechas na muralha amarela e azul. Assim aconteceu, por duas vezes, para lá do minuto 90. Uma «bomba» de Catamo beijou a barra, superou Arruabarrena e soltou a loucura entre os milhares de adeptos que visitaram Arouca na tarde deste domingo. Minutos depois, com os adversários alienados, Hjulmand deu ao resultado contornos que poderão enganar quem não acompanhou a partida. Num encontro geralmente equilibrado, o Sporting encontrou-se confortável em campo em cima do apito final.

Outros destaques:

Israel: o desfecho da primeira parte poderia ter sido totalmente diferente se o guardião do Sporting não se tivesse agigantado perante Sylla. A defesa com a ponta dos dedos foi decisiva para salvaguardar a vantagem. O óbvio sucessor de Adán continua a somar pontos junto de Amorim e a convencer as hostes leoninas.

Arruabarrena: mereceria, eventualmente, a distinção de homem do jogo. Ora entre os postes, ora na mancha, o guarda-redes do Arouca mostrou à «concorrência» como travar Gyökeres. Quanto aos três golos, Arruabarrena é, até ver, humano e, como tal, não chega para «todas as encomendas». Exibição tremenda, o cartão de visita ideal para outros patamares.

Gonçalo Inácio: lançado ao intervalo, e recuperado de lesão, o internacional português foi o antídoto para «secar» Sylla, endiabrado até ao intervalo. Voltando a provar por que motivo é superlativamente melhor que Quaresma, Inácio permitiu ao Sporting encarar a segunda parte de forma mais tranquila. Peça chave para o resultado às portas da Freita.

Sylla: o mais inconformado do ataque dos lobos. Uma primeira parte de nível excecional, na qual apenas faltou o golo. Lançado pela esquerda, e frequentemente «bailando» até ao meio, o extremo guineense foi um quebra-cabeças para Quaresma e Coates, incapazes de encerrar o corredor esquerdo e os caminhos até à baliza de Israel. Na segunda parte, além do cansaço, Sylla foi travado por Inácio, e não mais voltou a ser avistado em campo.

Geny Catamo e Hjulmand: responsáveis pelo segundo e terceiro golo do Sporting, o lateral moçambicano e o médio dinamarquês, além de eficazes, foram determinantes no processo de construção. Com Geny lançado pela ala e Hjulmand em modo «polvo», o trio da frente beneficiou da consistência desta dupla. Titularíssimos nas contas de Amorim.

Diomande: o eclipse de Mújica deve-se, em boa parte, à exibição do central. Nas costas do espanhol, Diomande acompanhou o avançado a cada passe, frustrando as transições, a maioria dos remates e as combinações com os compatriotas. Na defesa está o principio da vitória.