Com apenas 39 anos, Ruben Amorim já conquistou dois campeonatos nacionais enquanto treinador, isto depois de uma carreira de jogador também rica no que toca a títulos.

O jovem treinador do Sporting foi, desde criança, um acérrimo adepto do Benfica, mas a relação com os leões até poderia ter nascido mais cedo. Bruno Simão, um dos melhores amigos de Amorim, recordou que os dois estiveram a um passo de treinar no Sporting, quando foram dispensados por Fernando Chalana.

«Só queria jogadores altos e fortes. Fomos dispensados e íamos treinar ao Sporting, mas quando chegámos lá para treinar, o Aurélio Pereira perguntou-nos: “O que é que vocês estão aqui a fazer? Para vir treinar é na quinta-feira”. Era terça-feira e aquilo para mim foi uma alegria, deixei-o para trás. Era do Benfica e não queria jogar no Sporting. E ele também não foi», contou Bruno Simão, na grande reportagem da TVI sobre Ruben Amorim.

Depois de uma carreira de jogador em que trabalhou vários anos com Jorge Jesus, que o colocou diversas vezes a jogar a lateral-direito contra a sua vontade, Amorim começou o percurso como treinador em 2018/19, no Casa Pia, com um salário de… 300 euros por mês.

Na altura, trabalhavam consigo Adélio Cândido e Carlos Fernandes, que ainda o acompanham ao dia de hoje.

«O foco dele não era aquilo que lhe podia acrescentar futebolisticamente, era mais numa questão e personalidade. É a forma como ele ainda hoje escolhe as pessoas», revelou Carlos Fernandes. «A forma que ele tem de nos liderar a nós e aos jogadores é ser ele mesmo.»

Já Adélio Cândido, destaca a «forma leviana» como Amorim leva a vida e o trabalho. «A leveza é levada para o balneário, vem da personalidade dele, não é uma coisa forçada.»

Amorim deixou «muitas lágrimas» no Casa Pia e saiu para Braga, mas antes disso fez um desvio no Seixal. O técnico era cogitado para assumir funções nos escalões jovens do Benfica e, garante Luís Filipe Vieira, só não ficou por mero acaso.

«Portou-se mal comigo por não ter vindo para o Benfica. Mas não levei a mal. Ele não falou comigo, porque eu entendia que não devia passar por cima de outras pessoas. Entendia que as pessoas que estavam à frente da formação do Benfica é que deviam escolher. Sempre lhe disse que quando se fosse embora eu estava no Seixal: “Quando acabar, vens ter comigo e contas como foi”. A reunião não correu à feição dele e eu perguntei a alguém onde é que ele estava e já se tinha ido embora», contou o antigo presidente dos encarnados.

«Ao final da tarde, liguei-lhe: “Onde andas?”. Ele explicou-me o porquê e disse-lhe para vir para baixo para falarmos. “Já assinei pelo Sp. Braga”. Foi opção dele, tudo bem. Mas se falasse comigo, já não saía do Seixal, de certeza», assegurou ainda o antigo líder das águias, que acredita que os leões podem «criar a hegemonia do futebol português nos próximos anos» com Amorim no comando técnico.

Já Jorge Jesus, que teve em Ruben Amorim o jogador com quem mais tempo trabalhou, confessou que já antecipava sucesso como treinador ao antigo pupilo: «São jogadores interessados, que querem perceber porque é que fazem as coisas e esses jogadores, normalmente, dão treinadores.»

Na grande reportagem da TVI, é possível ainda perceber o lado mais pessoal de Ruben Amorim, uma pessoa sem atividade nas redes sociais, que prioriza a família e o cuidado do corpo, quer no ginásio antes dos treinos, quer no boxe, para aliviar a tensão.

«Antes dos dérbis, [nota-se] mais ansiedade, principalmente nas idas ao Dragão», desvendou o professor de boxe do técnico do Sporting.