A turbulência nos mercados do crédito está a provocar a maior crise na banca em trinta anos, superando a Segunda-feira Negra em 1987, a crise das divisas asiáticas e o rebentar da bolha tecnólogica dos «dot.com».

Segundo a agência «Lusa», esta afirmação consta de um relatório conjunto da Morgan Stanley e da Oliver Wymanm, divulgado esta terça-feira, que prevê que as receitas dos bancos de investimento poderão cair 20 por cento em 2008 perante novas depreciações de activos por um valor de 75 mil milhões de dólares.

Segundo esta equipa de analistas, liderada por Huw van Steenis, seis trimestres de ganhos terão sido anulados até o final de Março por depreciações de activos e quedas de rendimentos, lembrando o colapso do mercado das «junks bonds», obrigações de alto risco, que no final dos anos 80 levou à falência a Drexel Burnham Lambert.

«A indústria está a enfrentar a maior crise dos últimos trinta anos na banca de investimento», escrevem os analistas neste relatório. «O mercado global de títulos está no meio de uma profunda mudança cíclica e estrutural», consideram.

Receitas podem cair 60%

As receitas dos bancos provenientes dos seus negócios de crédito poderão cair até 60%, dizem os analistas, e as sociedades terão de proporcionar mais segurança aos investidores que compram os seus empréstimos.

Paralelamente, os reguladores vão obrigar a indústria a ter mais capital como garantia, afectando a longo prazo o retorno sobre os capitais próprios.

O secretário do Tesouro Henry Paulson propôs segunda-feira uma profunda reforma na regulação finnaceira nos Estados Unidos, que reforça os poderes da Reserva federal (FED, banco central) face a SEC (Securities & Exchange Commission) responsável pela regulação dos mercados.

De acordo com os analistas da Morgan Stanley e da Oliver Wyman, a turbulência actual poderá durar no total 8 a 10 trimestres, mais do que os seis trimestres da crise da divisas asiáticas em 1997-98 e dos sete trimestres de recuos verificados com o rebentar da bolha tecnológica.