Houve Taça em Portalegre: não houve surpresa, mas houve Taça.

O Gafetense personifica o futebol cru e verdadeiro: futebol por paixão e sem interesses. Vestiu-se de gala, com camisolas novas, calçou-se com o charme de chuteiras pitons de alumínio, pediu o relvado do Estádio Municipal de Portalegre emprestado e celebrou este jogo que o alimenta sem lhe pedir nada em troca.

A diferença entre as duas equipas é enorme: gigantesca. Percebe-se nos princípios mais simples: a velocidade, a potência, a força.

Os jogadores do Sp. Braga eram mais rápidos, mais técnicos, mais fortes.

É normal: uma equipa com histórico de Liga dos Campeões contra um adversário que nunca saiu nos distritais. Uma equipa que vive para jogar futebol e outra que joga futebol para celebrar a vida.

Por isso a vitória nunca esteve em causa: nem sequer quando Filipe Pacau surgiu isolado na cara de Cristiano e tentou fazer golo com um toque por cima do guarda-redes: teve classe, mas foi curto.

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Foi a melhor ocasião de golo do Gafetense, provavelmente a única em todo o jogo: numa altura em que as duas equipas mantinham o resultado ainda a zeros.

Aquela jogada podia ter animado o jogo, é verdade, mas não o fez: e nem foi preciso.

Mesmo que o Sp. Braga tenha passado quase todos os noventa minutos no meio-campo do Gafetense, a atacar, a insistir, a cumprir a sua obrigação, houve festa em Portalegre.

O resultado não envergonha ninguém: o Sp. Braga cumpriu a obrigação e o Gafetense aguentou-se bem. É certo que podia ter sido uma goleada das antigas. Sobretudo na segunda-parte, as ocasiões de golo para o Sp. Braga sucediam-se.

Confira aqui quem foram os melhores em campo

Curiosamente no primeiro tempo houve menos equipa grande: Jesualdo apostou num onze com um ataque mudado, entregue a Agra, Rafa, Hugo Vieira e Edinho, o Sp. Braga insistia, mas faltava-lhe capacidade de rematar. Apenas em remates de Edinho e Nuno André Coelho ficou perto de marcar.

Haveria de abrir o marcador em cima do intervalo, aos 44 minutos, na sequência de um penalty polémico: há um toque de Delvany (excelente jogo do central cabo-verdiano) em Edinho, parece insuficiente para justificar a grande penalidade.

Edinho não se importou com isso, abriu o marcador e lançou uma segunda parte em que aí sim os bracarenses criaram ocasiões em sucessão. Mesmo depois do jovem Vukcevic ser expulso num exagero de Carlos Xistra, o Sp. Braga não abrandou nem um bocadinho.

Edinho, Hugo Vieira, Rafa tiveram várias ocasiões para marcar, Rafa marcou mesmo, aos 66 minutos, fazendo o resultado final.

O Gafetense acabou o jogo exausto e provavelmente feliz. Ouviu aplausos e agradeceu às cerca de três mil pessoas que lhe deram coragem.

Viveu um dia que não vai esquecer.

FICHA DE JOGO

Estádio Municipal de Portalegre
Cerca de três mil espetadores

Árbitro: Carlos Xistra
Assistentes: Jorge Cruz e José Braga

GAFETENSE: Paulo Martins; Tiago Neves, Delvany, Hélio e Nuno Coelho; Nelson Silva e Cristiano; Leitão (Alex, 82m), Rixa (David Pereira, 75m) e Filipe Pacau; Rhayan (Miguel, 67m).
Suplentes: Bruno Costa, Nuno Cabeças, Ricardo Castelhano e André Cláudio.

SP. BRAGA: Cristiano; Baiano, Nuno Coelho, Santos e Luís Silva; Luiz Carlos, Vukcevic e Rafa (Diogo Ribeiro, 85; Hugo Vieira (Mauro, 62m), Edinho e Salvador Agra (Pardo, 62m).
Suplentes: Eduardo, Dabo, Kappel e Herbert.

GOLOS: Edinho (44m, g.p.) e Rafa (66m)
Disciplina: Cartão amarelo para Delvany (44m) e Leitão (77m). Cartão vermelho para Vukcevic (57m)