Sp. Braga e Rio Ave encontram-se esta quarta-feira para as meias finais da Taça de Portugal. Ambas as equipas procuram repetir um feito histórico, mas os encontros desta época, o último deles na passada sexta-feira, foram marcados por polémicas e ânimos incendiados.

Há 30 anos, na época 83/84, os vilacondenses chegaram à primeira, e única (para já), final da Taça de Portugal da sua história. Acabaram por ficar pelo caminho, derrotados pelo FC Porto, por 4-1. A última passagem dos arsenalistas pelo Jamor é mais recente, mas ainda assim, já tem quase duas décadas. Em 1997/1998, o Sp. Braga perdeu 3-1 na final, também com o FC Porto.

O jogo da primeira mão realiza-se esta quarta-feira, em Braga, e, além desta carga histórica, tem mais pressão acrescida. Sp. Braga e Rio Ave já se encontraram três vezes esta época, tendo os vilacondenses saldo positivo nos confrontos. A equipa de Nuno Espírito Santo venceu em Braga para o campeonato, afastou os arsenalistas na meia-final da Taça da Liga, e empatou na passada sexta-feira para o campeonato também.

Ânimos exaltados


A polémica destes últimos dois jogos incendiou os ânimos entre os dois clubes, que até tinham boas relações. No jogo da meia-final da Taça da Liga, houve confrontos entre adeptos, que começaram na parte exterior do estádio e continuaram no seu interior, já depois do apito inicial do árbitro, obrigando à intervenção policial.

E no final do encontro, a animosidade sentia-se na equipa técnica e dirigentes arsenalistas, embora as queixas tenham sido por causa da arbitragem. Certo é que o Sp. Braga ficou pelo caminho na Taça da Liga e as derrotas frente à equipa dos Arcos não caíram bem na equipa minhota.

No final do jogo da passada sexta-feira para a Liga, após um empate 1-1, que atrasa o Sp. Braga na corrida pela Europa, Rúben Micael fez eco desse mal-estar. «No primeiro jogo, em Braga, para a Liga, eles foram uma vez à baliza e marcaram um golo. No segundo, fomos aqui bem gamados», disse o jogador aos jornalistas na flash interview.

Na sala de imprensa, o ambiente era tenso, com o treinador do Sp. Braga a dizer que foi insultado, enquanto os dois presidentes assistiam às conferências. «Não provoco ninguém, mas tenho de lamentar que o diretor-geral do Rio Ave me tenha ofendido várias vezes durante e no final do jogo», disse Jorge Paixão.

Neste jogo, era o Rio Ave quem tinha queixas da arbitragem, e Nuno Espírito Santo não resistiu à alfinetada. «Quem teve a coragem de vir a público manifestar a indignação em outras ocasiões, também devia assumir e dar a cara quando é beneficiado», disse o treinador.

«Incomodou-me, no final, ver o Rúben Micael, que julgo que jogou comigo no FC Porto, dirigir-se ao Rio Ave usando a expressão eles. Não gosto de responder a essas declarações, mas seria bom que todos tivessem mais respeito por uma instituição com história como é o Rio Ave», queixou-se ainda.

Agora, a dois dias do encontro, ambos os clubes garantem que o ambiente é normal entre as duas instituições, e que o jogo está a ser preparado como qualquer outro. Em Braga rejeita-se mesmo que haja «vontade de vingança», em relação ao passado.

Falta puxar pelo público

Ambos os clubes tentam mobilizar os adeptos para o encontro. O Rio Ave, com ajuda de um patrocinador, oferece o bilhete e o transporte para Braga a todos os adeptos que o desejarem, bastando, para isso, uma inscrição. O limite são mil pessoas, que encheriam 20 autocarros, mas, a um dia do limite do prazo para a inscrição, apenas quatro autocarros cheios estão garantidos, ou seja, cerca de 200 adeptos.

Em Braga, os sócios pagam quatro euros, e o público entre seis e oito euros, e a procura também não está a ser elevada. «Reunimos com o Sp. Braga e a informação que tivemos é que a procura de bilhetes está a ser muito baixa. Poderá ainda alterar-se e a perspetiva é que até ao final do dia, decorrer de amanhã e na quarta-feira essa procura aumente. Até meio da tarde de hoje não estavam vendidos 500 bilhetes», explicou ao Maisfutebol o Subintendente Matos do Núcleo de Operações da PSP de Braga.

«Por se tratar de uma eliminatória a duas mãos e a decisão ser realizada no outro jogo, e até por ser um jogo a um dia da semana às 19 horas não se perspetiva um grande número de adeptos. Isto não só no que diz respeito ao Rio Ave, mas também ao Sp. Braga», por isso, apesar de ser uma meia-final, o efetivo «não chegará à meia centena, muito provavelmente serão até menos de quarenta, isto com a colaboração dos assistentes de recinto desportivo (ARD)», explicou.

Para assegurar todas as condições de segurança e evitar que se repitam os confrontos da Taça da Liga, os autocarros com os adeptos rioavistas serão acompanhados pela PSP de Vila do Conde, que fará depois a coordenação com a congénere bracarense.