Uma maratona de emoções. Pode resumir-se assim a partida que terminou com a vitória histórica do Lusitano Vildemoinhos sobre o Nacional, dando o apuramento inédito dos viseenses para a quarta ronda da Taça de Portugal.
E a assistir a tudo, um homem da casa, também ele habituado a maratonas e momentos históricos: Carlos Lopes, o primeiro medalhado de ouro português em Jogos Olímpicos, que, «no tempo de meninice, aos 12 ou 13 anos» era… apanha-bolas do Lusitano Vildemoinhos.
Isso mesmo, Carlos Lopes, natural de Vildemoinhos e que começou a correr no clube da terra - «fui o primeiro atleta internacional do Lusitano» - assistiu a um feito que descreve ao Maisfutebol como «um daqueles momentos que ficam gravados na memória para toda a vida».
«Foi um jogo entre duas equipas de realidades muito diferentes, mas o Lusitano bateu-se muito bem, fez um jogo de grande coração e proporcionou às gentes daqui da terra um momento único», partilhou Carlos Lopes, ao telefone com o nosso jornal.
Revelando ter sido uma feliz coincidência aquela que lhe permitiu estar em Viseu neste domingo, Carlos Lopes confessa-se orgulhoso daquilo que viu da equipa que milita no Campeonato de Portugal – é o 9.º classificado da Série B.
«A equipa quis muito, teve vontade de vencer e por isso ultrapassou as dificuldades perante uma equipa muito boa como a do Nacional», considera, antes de fazer uma comparação com o espírito que ele próprio tinha quando corria. «Estes jogadores bateram-se com a mesma alma e coração que eu tinha, na defesa de uma camisola, neste caso, listada de branco e preto», evidenciou.
E a tarde foi mesmo de muitas emoções, aponta Carlos Lopes, recordando a forma como viveu aqueles 120 minutos na bacada do Estádio dos Trambelos, onde o Lusitano esteve por três vezes em desvantagem e por três vezes recuperou, antes de dar o sprint final que deixou os insulares para trás.
«Foi um sofrimento constante, o jogo tanto podia ter caído para um lado como para o outro. Felizmente, venceu o Lusitano», sublinha o ex-atleta, hoje com 71 anos, que chegou a tentar a sua sorte no futebol do clube, mas que teve «o peso e a altura» como entrave.
Dá para encomendar um duelo entre «os dois amores», no Trambelos?
E agora, na quarta ronda, qual é o adversário que Carlos Lopes gostava que calhasse em sorte ao Lusitano? A resposta não é difícil de adivinhar.
«No final do jogo estava toda a gente a falar e a pedir que calhasse o Sporting. E eu? Oh, para mim seria muito especial jogar com o Sporting, claro. Se isso acontecer, será um jogo entre dois amores», exclama, assumindo-se incapaz de escolher qual preferia que vencesse. «Entre um e outro, não tenho mesmo por onde escolher», confessa.
Mas se for possível ser Carlos Lopes a escolher, o jogo da quarta-eliminatória está lançado. E ainda fica mais um pedido: «era mais giro o jogo aqui no Trambelos, que é mais acolhedor».
Fica o desejo olímpico.