As empresas italianas estão a «seguir com atenção as oportunidades de negócio» que representam as grandes obras públicas anunciadas em Portugal, como a construção do novo aeroporto de Lisboa, o TGV ou o plano de barragens, segundo fonte diplomática.

Numa entrevista à «Lusa», o encarregado de negócios da embaixada italiana em Lisboa, Giovanni Brignone, considerou estes projectos como «muito interessantes» para grandes empresas italianas como o grupo Impregilo, o maior grupo de construção civil de Itália, e para o «gigante» energético Enel, maior accionista da espanhola Endesa, por isso, já com presença no mercado ibérico e em Portugal, através da Endesa-Portugal.

«Até agora, tem havido troca de informação entre a embaixada e as empresas, que aguardam o lançamento dos concursos, para concretizarem o seu interesse», disse Giovanni Brignone.

Sector comercial em destaque

O investimento italiano em Portugal tem privilegiado o sector comercial, casos da Fiat ou do grupo de confecções Intimissimi/Calzedonia, mas «as empresas estão interessadas em explorar outras actividades, como a das energias renováveis ou a construção de infra-estruturas», garantiu o diplomata.

Além das grandes empresas, o mercado português pode ser «muito interessante» também para as pequenas e médias empresas italianas, que-tal como em Portugal-constituem a base do tecido empresarial.

Para estas, também o sector energético é «cativante» e há uma média empresa italiana que está actualmente a avaliar a entrada na produção de painéis solares em Portugal, embora o diplomata se tenha escusado a identificá-la, referindo que está «ainda numa fase preliminar».

Portugal atractivo

A «uniformização de regras», devido à integração dos dois países na União Europeia, os «custos de trabalho menores que em Itália», «os bons níveis de competências dos trabalhadores», mas também a desburocratização empreendida por Portugal, com particular incidência na simplificação administrativa e no «e-government», são algumas das razões que tornam o ambiente de negócios português «amistoso» para o investimento italiano.

Portugal pode ainda servir como «ponte» para a América Latina e África, especialmente para países como o Brasil e Angola, onde os responsáveis italianos «seguem, com muita atenção, o trabalho português».

O estabelecimento de parcerias, em especial, na exploração de recursos naturais naqueles países, é «uma possibilidade» encarada pela diplomacia italiana, que põe particular empenho na promoção económica, como demonstra uma acção de divulgação empresarial que a embaixada de Itália promove em Lisboa, na segunda-feira.

Marcas já presentes em Portugal



Aproveitando as comemorações do dia da República, a embaixada promove uma apresentação das empresas italianas já implantadas em Portugal, onde estarão presentes a Fiat Portugal, Parmalat, Generali Seguros, Enel, Eni-Agip, Ducatti Motors, Iveco, Piaggio, Emporio Armany , entre outras.

Na ocasião, serão também apresentadas empresas com novos investimentos, como La Fattoria, que vai comercializar vinhos «topo de gama» italianos e que deverá investir numa enoteca em Lisboa ou na zona do Estoril, aproveitando o «público educado para bons vinhos» que Giovanni Brignone considera existir em Portugal.

A marca Zoppini, de joalharia, também vai começar a apostar no mercado português, onde encontrou já um parceiro para a distribuição, a Dourapart.

O investimento directo italiano em Portugal foi de 414,6 milhões de euros em 2007, colocando o país no 14º lugar da lista de investidores, embora o desinvestimento nesse ano tenha totalizado 383,4 milhões de euros, segundo dados da Agência para o Investimento e Comércio Externo de Portugal, AICEP.

Quanto ao sentido inverso do investimento, totalizou, em 2007, apenas 9,6 milhões de euros, em termos líquidos, colocando Portugal na posição de 22º investidor em Itália.