As dificuldades financeiras do Vitória de Guimarães abriraram espaço para o aparecimento de jovens talentos formados no clube, que têm aproveitado a oportunidade para dar nas vistas. Tiago Rodrigues é um desses exemplos, e nesta terça-feira prolongou a ligação ao clube até 2016.
O Vitória segura assim o promissor médio, que conquistou um lugar na equipa de forma muito rápida. Há pouco mais de um ano Tiago Rodrigues estava cedido ao Amarante, e sem jogar por conta de uma lesão de alguma gravidade.
«Ele já chegou ao clube com um problema no quinto metatarso do pé esquerdo, e durante um jogo particular com o Vitória, precisamente, agravou-se. Primeiro foi sujeito a tratamento, mas depois decidiu-se que seria operado. Só voltou à competição em meados de novembro. A partir daí foi um valor acrescentado. Eu dizia à minha equipa técnica que era o nosso cavalinho de luxo», recorda ao Maisfutebol Arlindo Gomes, então treinador do Amarante.
Tiago Rodrigues ainda demorou algumas semanas a conquistar um lugar no «onze». A época ficou algo condicionada pelo problema físico, mas ainda assim o jovem médio deixou toda a gente convencida do seu valor. «Tive logo a perceção que era um grande jogador. Mostrou-se um grande profissional, com vontade de singrar. Não contava que esta afirmação na Liga fosse tão rápida, mas sabíamos que ia singrar. Demos o nosso modesto contributo à sua evolução», afirma Eduardo Medeiros Pinto, presidente do Amarante, que não tem dúvidas que estamos a falar de um jogador «que vai ser de seleção, de topo».
Modéstia a mais
Quando um jovem futebolista começa a dar nas vistas o normal é recear-se o deslumbramento, o peso da pressão, mas quando se fala de Tiago Rodrigues todas as opiniões apontam em sentido contrário: o jovem de Vila Real precisa «libertar-se» mais.
Foi isso, de resto, que Rui Vitória apontou ao Maisfutebol, em entrevista publicada nesta terça-feira. «Tem um potencial enorme e precisa também de ser mais expressivo. Tem os pré-requisitos para ser um jogador com futuro naquela posição, mas precisa de ser mais egocêntrico, naquela lógica do "dá cá a bola que eu percebo disto"», disse o técnico.
«Tem modéstia a mais, mas vai ultrapassar isso, a menos que seja uma marca da personalidade. No Amarante até mostrou excessiva resignação quando não jogava. Aceitava não jogar, embora o treinador lhe augurasse um grande futuro», afirma Medeiros Pinto ao nosso jornal.
Arlindo Gomes concorda com o apontamento de Rui Vitória, e dá um exemplo prático: «Joga muito a bola de primeira, não quer protagonismo. Eu dizia-lhe para conduzir a bola. Jogava demasiado simples para a qualidade que tem. É humilde, e ouve tudo o que lhe dizem, seja um treinador ou um colega. Mas deve explorar mais as competências que tem. Deve desenvolver a autoconfiança, chamar mais a si o jogo», acrescenta.
O técnico ressalva, no entanto, a opinião de que o jovem médio tem «características muito especiais». «Ataca e defende com a mesma intensidade, o que não é normal para um jogador com esta capacidade técnica», destaca. «Não é um 10 puro, pois adapta-se bem à posição 8, e um 10 puro não o faz tão facilmente», acrescenta.
Arlindo Gomes considera que Tiago Rodrigues «pode dar o salto com facilidade», mas defende que o médio «ainda não está preparado» para isso. «Na minha opinião devia ficar mais dois anos no Vitória, para depois sair de forma segura», conclui.