A recusa do governo português de receber o Dalai Lama durante a Presidência portuguesa da UE foi esta quarta-feira considerada «errada» pelo representante do líder espiritual do Tibete em Londres, que aplaudiu a atitude diferente do primeiro-ministro britânico, avança a «Lusa».

«A recusa do primeiro-ministro português de se encontrar com o Dalai Lama por causa da pressão da China foi uma decisão muito errada», lamentou Tsering Tashi, em declarações à agência «Lusa», elogiando a posição do chefe de governo britânico.

«A decisão do primeiro-ministro Gordon Brown de se encontrar com sua santidade é bem-vinda, não só pelo povo tibetano, mas por todos aqueles no mundo inteiro que respeitam e defendem os direitos humanos e a liberdade», expressou.

A intenção do primeiro-ministro britânico foi anunciada pelo próprio no Parlamento britânico na quarta-feira passada, onde também declarou ter falado ao telefone com o seu homólogo chinês, Wen Jiabao, e apelado ao fim da violência no Tibete.

«É um sinal positivo», considera o representante do Dalai Lama para a Europa do Norte, Polónia e Países Bálticos, lamentando que José Sócrates não tenha feito o mesmo em Setembro, enquanto presidia ao Conselho da UE.

Independência política questionada

Tsering Tashi questiona a independência política externa portuguesa, quando outros líderes mundiais aceitaram receber o Dalai Lama recentemente, como a chanceler alemã Angela Merkel, e o presidente norte-americano George W. Bush.

Na altura, o gabinete do primeiro-ministro português alegou indisponibilidade de agenda, enquanto o ministro dos Negócios Estrangeiros, Luís Amado, assumiu que a decisão foi tomada no contexto das boas relações com a China - embora excluindo qualquer pressão.

A posição de Sócrates foi condenada pela oposição e por vários comentadores na imprensa portuguesa.