Oleksandr Zinchenko abriu os sentimentos sobre a invasão da Ucrânia pela Rússia, quer que o mundo perceba o que realmente está a passar e não tem dúvidas: «O meu povo prefere morrer e vai morrer, mas não vai desistir.» Uma entrevista à BBC na qual também aponta o dedo aos colegas russos.

O jogador do Manchester City disse que soube do início da guerra «à meia-noite, horário do Reino Unido», quando a esposa o acordou, a chorar.

«Fiquei em choque. Ela mostrou-me os vídeos, as fotos, o que está a acontecer na Ucrânia. Talvez o sentimento mais próximo seja quando alguém do nosso círculo morre. Esse sentimento em que uma pessoa fica mal por dentro. Mas isto é muito pior», disse Zinchenko, colega dos portugueses Bernardo Silva, Rúben Dias e João Cancelo.

«Continuo a chorar. Já há uma semana, não estou a contar, mas até posso ir a conduzir para o centro de estágios, ou não importa para onde, e começo chorar do nada», revelou.

«Está tudo na minha cabeça. Imagina o lugar em que se nasceu, onde se cresceu. E há apenas um terreno vazio. Tenho de ser honesto, se não fosse pela minha filha, pela minha família, eu estaria lá», prosseguiu.

Depois, uma declaração brutal. Zinchenko não tem dúvidas do preço de defender a Ucrânia.

«Nasci assim. Conheço as pessoas do meu país, a mentalidade delas, e todas elas pensam exatamente da mesma forma. Estou tão orgulhoso de ser ucraniano e estarei para sempre para o resto da minha vida. Observa-se as pessoas, como elas lutam pelas suas vidas. Eu conheço as pessoas, a mentalidade do meu povo do meu país, preferem morrer e vão morrer. Mas eles não vão desistir.»

A maioria da comunidade internacional reagiu em apoio os ucranianos. «Não sabia que seria assim. Gostaria de agradecer a todos. Agradeço», afirmou o jogador do City.

Zinchenko sente que a sua «missão é mostrar ao resto do mundo a verdade real, o que está a acontecer agora na Ucrânia», contrapondo a realidade com a propaganda russa.

«Falei com muitas pessoas que estão do nosso lado. E eles disseram que a forma como a TV russa está a mostrar-nos é ridícula», continuou.

«Há poucas cidades na parte mais baixa da Ucrânia onde os civis, o povo russo, estão a chegar e fazem protestos falsos como “queremos estar com a Rússia” e coisas assim. Posso mostrar um milhão de fotos. Posso mostrar um milhão de vídeos, o que eles estão a fazer agora. Posso mostrar todas as cidades do meu país que destruíram.»

Zinchenko relatou que «as pessoas estão a morrer de fome, estão apenas sobrevivendo, dormindo no chão, em bunkers, não podem viver uma vida adequada». Esse foi também o motivo pelo qual decidiu falar.

«Há alguns dias que estava a pensar sobre esta entrevista. Devo fazê-la? Não devo? Mas eu só quero enviar a mensagem a todas as pessoas que, por favor, não ignorem. Precisamos parar a guerra», apelou.

Por fim, Zinchenko apontou o dedo aos colegas russos.

«Fiquei surpreendido que ninguém, nenhum deles, de todos eles tenha dito nada. A maioria joga na seleção, têm muitos seguidores no Instagram, Facebook, onde quer que seja. E eles podem, eles podem, pelo menos, podem fazer algo para parar esta guerra. Porque as pessoas podem ouvi-los. Eu já sei, que eles estão com medo... Mas eles estão com medo de quê? Não vão fazer nada contra eles. Pelo menos eles podem dizer o que pensam, mas simplesmente querem ignorar. Não sei porquê.»