A UEFA anunciou, na sexta-feira, ao detalhe, como vai ser feita a distribuição dos prémios nas competições europeias para a época 2024/25 – Liga dos Campeões, Liga Europa e Liga Conferência.

Na próxima época, de mudanças acentuadas nos formatos (de 32 para 36 clubes em cada prova, com a habitual fase de grupos substituída por uma fase de liga única em sistema suíço) a UEFA vai distribuir 4,4 mil milhões de euros. Porém, com várias deduções, o bolo total final para os clubes participantes é de 3,317 mil milhões de euros, sendo a maior fatia para Liga dos Campeões e Supertaça Europeia: 2,467 mil milhões de euros (74,38%). Para a Liga Europa estão destinados 565 milhões de euros (17,02%) e, para a Liga Conferência, 285 milhões de euros (8,60%).

Quanto à Liga dos Campeões, como o Maisfutebol já tinha noticiado, com o aumento de seis para oito jogos na primeira fase, cada vitória e cada empate valem menos. Porém, os clubes podem vir a ganhar mais pelo desempenho desportivo: a vitória passa de 2,7 para 2,1 milhões e o empate de 900 para 700 mil euros. Ou seja, ainda no atual modelo, uma equipa que ganhe os seis jogos na fase de grupos angaria 16,2 milhões de euros, mas em 2024/25, ganhando os oito na fase de liga, pode somar 16,8 milhões de euros.

Além disso, as receitas, que antes se dividiam por quatro blocos (25 por cento para prémio de entrada, 30 para prémio do ranking, 30 para prémio de desempenho e 15 para market pool), passam a apenas três blocos. A fatia para prémio de entrada sobe para 27,5 por cento, a de prémio de desempenho sobe para 37,5 e os restantes 35 por cento são o que a UEFA passa a designar de value pillar, que é um combinado do ranking e do até agora designado market pool. Mas a isso, já lá vamos. À cabeça, estes são os valores globais para a Champions nos três blocos:

- 670 M€ para prémios de entrada (27,5%);
- 914 M€ para prémios de desempenho (37,5%);
- 853 M€ para o value pillar (35%).

Os prémios na Champions (com o novo bónus na fase da liga)

Em 2024/25, o prémio de entrada aumenta e passa a ser de 18,6 milhões de euros (face aos atuais 15,6 milhões).

Depois, na fatia de 37,5 por cento destinada aos prémios de desempenho, além dos 2,1 milhões de euros por vitória e dos 700 mil euros por empate na fase de liga, há uma novidade. A UEFA chama-lhe o «novo bónus de classificação na liga»: cada clube vai receber um valor de acordo com a classificação final na fase de liga, sendo o valor total deste bónus dividido em 666 parcelas de 275 mil euros cada uma. Por exemplo, o 36.º classificado na fase da liga recebe uma parcela (275 mil euros), o 35.º duas parcelas (550 mil euros) e assim sucessivamente até ao 1.º, que receberá 36 parcelas (9,9 milhões de euros). Porém, o valor-base da parcela ainda pode aumentar e a culpa é… dos jogos que terminem empatados. Cada empate faz com que 700 mil euros não sejam distribuídos e esse dinheiro fica para aumentar proporcionalmente o valor inicial das parcelas de 275 mil euros.

Com esta nova liga, há ainda outra novidade: os clubes apurados diretamente para os oitavos de final (quem ficar do 1.º ao 8.º lugar) recebem dois milhões de euros adicionais cada e quem ficar do 9.º ao 16.º lugar (vão ao play-off de acesso aos oitavos com os clubes que fiquem do 17.º ao 24.º lugar) recebe um milhão de euros adicional cada.

Antes da fase da liga, há o play-off, que tem 30 milhões de euros destinados, sendo que os clubes eliminados recebem 4,29 milhões de euros cada. Os vencedores do play-off não têm qualquer pagamento específico, pois recebem pelo acesso à fase da liga.

Todos os prémios (entrada + desempenho) na Champions 2024/25:
- 4,29 milhões de euros para os clubes eliminados no play-off;
- 18,62 milhões para os clubes apurados para a fase de liga;
- 2,1 milhões de euros por vitória na fase de liga;
- 700 mil euros por empate na fase de liga;
- Prémio bónus de classificação na fase de liga: pode ir da parcela-base de 275 mil euros para o 36.º classificado até aos 9,9 milhões de euros para o 1.º (a parcela de 275 mil euros aumentará consoante os 700 mil euros sobrantes de cada jogo que fique empatado);
- 2 milhões de euros adicionais para os clubes classificados do 1.º ao 8.º lugar na fase de liga;
- 1 milhão de euros adicional para os clubes do 9.º ao 16.º lugar na fase de liga;
- Qualificação para o play-off de acesso aos oitavos: 1 M€ por clube;
- Qualificação para os oitavos de final: 11M€ por clube;
- Qualificação para os quartos de final: 12,5 M€ por clube;
- Qualificação para as meias-finais: 15 M€ por clube;
- Qualificação para a final: 18,5 M€ por clube;
- Vencedor da Liga dos Campeões: 6,5 M€ adicionais.

Contas feitas, se vencer todos os jogos na fase de liga, o vencedor da Champions pode angariar, entre o prémio de entrada e prémios de desempenho, um total de 110,82 milhões de euros. Além destes valores, os dois clubes que se qualificarem para a Supertaça Europeia podem esperar receber 4 milhões de euros, com o vencedor a receber 1 milhão de euros adicional.

Mas as receitas podem ainda aumentar devido ao terceiro bloco: o value pillar.

O value pillar explicado

Este bloco que representa 35 por cento dos prémios na Liga dos Campeões combina o antigo market pool (adiante designado por valor de mercado) com o coeficiente dos clubes na UEFA. É dividido em duas partes: a europeia e a não-europeia e o rácio entre as duas vai ser baseado nos contratos concluídos com os mercados de media até 1 de julho, para se chegar ao valor da cota por clube. Por exemplo, se na Champions o valor dos direitos televisivos europeus for 75% do total de receitas televisivas, o value pillar da competição é dividido em 75% para a parte europeia e 25% para a não-europeia.

Olhando à parte europeia, se o país com mais contributo para as receitas televisivas tiver quatro clubes na Champions, os clubes desse país ficam nos quatro primeiros lugares do ranking de valor de mercado. Depois, a ordem destes clubes de 1.º a 4.º é baseada na participação na fase de grupos nas cinco épocas anteriores (três pontos por época na Champions, dois por época na Liga Europa, um por época na Liga Conferência). Daí em diante, se por exemplo o segundo país no ranking do mercado de receitas televisivas tiver três clubes na Champions, esses clubes surgirão do 5.º ao 7.º lugar no ranking do valor de mercado e assim sucessivamente em todos os outros países até à 36.ª posição. Além disto há o ranking do coeficiente de clubes, do 1.º ao 36.º, desenhado com base no ranking a cinco anos aplicável no início da época.

Tendo isto em conta, o ranking geral da parte europeia é, por fim, definido pela média de pontos de cada clube nos dois rankings (valor de mercado + coeficiente). Exemplo: se o clube for 4.º entre os 36 no de valor de mercado e 6.º no coeficiente de clubes, terá uma média de cinco pontos e vai ser hierarquizado de acordo com isso. Finalmente, é a partir daqui que se sabe quanto cada clube tem direito pelo value pillar na parte europeia. Tal como no ranking de bónus da fase da liga, há 666 parcelas e se, por exemplo, a parte europeia dos direitos for os tais 75%, o clube em 36.º lugar recebe 960 mil euros. O 1.º recebe 34,56 milhões de euros (960.000x36).

A parte não-europeia, se for por exemplo 25% das receitas, o 36.º no ranking do value pillar recebe 320 mil euros e o 1.º recebe 11,52 milhões de euros. De notar, na parte não-europeia, para cada prova, que a distribuição é feita de acordo com o ranking da UEFA a dez anos entre os 36 clubes participantes.

E agora sim: contas feitas, o vencedor da Champions pode vir a ganhar, no máximo, cerca de 156 milhões de euros.

Os prémios na Liga Europa

Na Liga Europa, dos 565 milhões de euros de receitas para os clubes, 155 são para a entrada direta, 212 para o desempenho desportivo e 198 para o value pillar. Eis os valores dos prémios:

- 4,31 M€ pela entrada na fase da liga;
- 450 mil euros por vitória;
- 150 mil euros por empate;
- Prémio bónus de classificação na fase de liga: pode ir da parcela base de 75 mil euros para o 36.º classificado até 2,7 milhões de euros para o 1.º (a parcela de 75 mil euros aumenta consoante os 150 mil euros que sobram de cada empate);
- 600 mil euros extra para os clubes do 1.º ao 8.º na fase da liga;
- 300 mil euros extra para os clubes do 9.º ao 16.º na fase da liga;
- Qualificação para o play-off de acesso aos oitavos: 300 mil euros por clube;
- Qualificação para os oitavos de final: 1,75 M€ por clube;
- Qualificação para os quartos de final: 2,5 M€ por clube;
- Qualificação para as meias-finais: 4,2 M€ por clube;
- Qualificação para a final: 7 M€ por clube;
- Vencedor da Liga Europa: 6 M€ adicionais.

No value pillar, o procedimento é igual ao da Champions, com o 36.º do ranking a receber, por exemplo, 223 mil euros se a parte europeia for 75% e o 1.º a receber 8,028 M€. Na parte não-europeia, se for 25%, o 36.º recebe 74 mil euros e o 1.º 2,664 M€.

A Liga Conferência (e as diferenças na distribuição)

Ao contrário da Champions e da Liga Europa, a percentagem de distribuição das receitas na Liga Conferência difere: são 40% para prémios de entrada (114 milhões de euros), outros 40% para prémios de desempenho (114 M€) e apenas 20% para o value pillar (57 M€). De recordar que cada equipa faz apenas seis jogos na fase da liga e não oito, como na Champions e na Liga Europa. Eis os prémios da época 2024/25:

- 3,17 M€ pela entrada na fase da liga;
- 400 mil euros por vitória;
- 133 mil euros por empate;
- Prémio bónus de classificação na fase de liga: pode ir da parcela base de 28 mil euros para o 36.º classificado até 1,008 milhões de euros para o 1.º (a parcela de 28 mil euros aumenta consoante os 133 mil euros que sobram de cada empate);
- 400 mil euros extra para os clubes do 1.º ao 8.º na fase da liga;
- 200 mil euros extra para os clubes do 9.º ao 16.º na fase da liga;
- Qualificação para o play-off de acesso aos oitavos: 200 mil euros por clube;
- Qualificação para os oitavos de final: 800 mil euros por clube;
- Qualificação para os quartos de final: 1,3 M€ por clube;
- Qualificação para as meias-finais: 2,5 M€ por clube;
- Qualificação para a final: 4 M€ por clube;
- Vencedor da Liga Conferência: 3 M€ adicionais.

No value pillar, o 36.º do ranking recebe, por exemplo, 64 mil euros se a parte europeia for 75% e o 1.º a receber 2,304 M€. Na parte não-europeia, se for 25%, o 36.º recebe 21 mil euros e o 1.º 756 mil euros.

Por fim, do valor restante de 4,4 mil milhões de euros, a alocação é feita para os seguintes fins:

- 387 M€ para custos de organização/administrativos das competições;
- 132 M€ para pagamentos nas fases de qualificação;
- 308 M€ para clubes que não participem nas fases da liga das três competições (informação e critérios de distribuição por anunciar);
- 22 M€ para o esquema de distribuição da Champions feminina;
- 3 M€ a alocar à UEFA Youth League.
- 6,5% de 3,548 mil milhões de euros (cerca de 230 milhões de euros) ficam para o futebol europeu e com a UEFA, com os restantes 3,317 mil milhões a serem os tais que vão para os clubes, como detalhado ao longo da peça.