Foi um prazer, adeus e até à próxima. Será este o estado de espírito do plantel do Belenenses no final da derrota em Guimarães (2-0). O emblema do Restelo está matematicamente despromovido e vai jogar na Liga de Honra, 12 anos depois.

A temporada 1998/99 foi a última do Belenenses no segundo escalão do futebol português, numa passagem rápida, de apenas uma temporada. Certamente o desejo dos adeptos da equipa, que, desde então, já tinha sido, por duas vezes despromovida e salva na secretaria. Em 2005/06 devido ao caso Mateus. Em 2008/09 pela situação financeira do Estrela da Amadora.

Nuno Assis: para Queiroz ver

O V. Guimarães vestiu a pele de carrasco. Entrou para mostrar ao rival que não havia misericórdia possível. Em Guimarães ainda se luta, também. Outros objectivos, é certo, mas não menos dignos e essenciais.

João Alves deu o primeiro aviso, logo aos seis minutos. Nuno Assis, já depois de Lima ter desperdiçado soberana ocasião para o Belenenses, fez o estádio gritar golo. Em vão, já que a bola saiu ao lado. Os festejos não tardariam muito, no entanto. Ainda antes da primeira meia hora Celestino agarrou Valdomiro na área. Penalty que tem tanto de indiscutível como de desnecessário. Andrezinho materializou em golo a superioridade que o Vitória ia apresentando em campo e, até ao intervalo, o jogo morreu.

Disparar sem avisar

No segundo tempo veio o golpe fatal. Os vimaranenses nem esperaram para ver se ainda havia sinais de vida no moribundo Belenenses. Nem sequer tentaram atenuar a dor. Não houve espaço para hesitações. O Vitória entrou, marcou e decidiu o jogo. Saliente-se o golo, no entanto. Jogada brilhante de Nuno Assis que está no seu início e no fim, concluindo de cabeça (!) um brilhante cruzamento de Rui Miguel. Um bom apontamento, também, para Carlos Queiroz, quando se aproxima a hora das decisões.

Recorde o jogo AO MINUTO

António Conceição quis ver a equipa esbracejar um pouco à tona das águas profundas da Liga, antes de cair para o abismo. Quis, e só tinha de ser assim, deixar uma imagem mais digna no adeus. Trocou Cândido Costa por Yontcha e o Belenenses espevitou um pouco. O camaronês teve o golo nos pés pouco depois de entrar, mas o remate acabou por sair ao lado. A electricidade acabou pouco depois, à medida que o Vitória foi tocando o jogo a seu gosto. Ainda reclama, com razão, uma grande penalidade, por mão de Marcos António na área. Nada que viesse alterar o destino traçado.

Talvez por isso, Jorge Gonçalves e Yontcha também não ousaram alterar o marcador. Ambos tinham a baliza aberta e não marcaram, quando o jogo caminhava para o fim. O avançado do Belenenses ainda acertou na trave, o vimaranense nem isso.

Veja as notas dadas aos jogadores

O Belenenses sai de cena e tem duas jornadas para deixar uma melhor imagem da sua prestação neste campeonato. Dizem que a última é a que fica. Apenas duas vitórias em 28 jogos constituem um pecúlio miserável. Os 16 golos marcados, pior ataque da prova, também não abonam a seu favor.

O V. Guimarães cava um fosso de três pontos para o Nacional. Margem importante, mas não decisiva, a duas rondas do fim. Paulo Sérgio ensaiou a despedida de Guimarães, consumada na recepção ao Marítimo da última ronda. Até lá, há caminho a percorrer, pois apenas com o V. Guimarães na Europa pode exclamar «missão cumprida» e partir para outra.