O Restelo recuperou a cor. O azul está vivo, novamente. O Belenenses lidera a II Liga com larga vantagem, e está nas meias-finais da Taça de Portugal. Os exigentes adeptos recuperam o sorriso, graças à «revolução» liderada por Mitchell van der Gaag. Em entrevista ao Maisfutebol, o técnico holandês fala do momento do clube e das ambições partilhadas com o investidor Rui Pedro Soares.

Sentiu necessidade de acabar com alguns maus vícios no clube?

«Não conhecia o clube, nem as pessoas. Sabia que ia haver uma mudança radical. Sabia também que o Rui Pedro Soares (ndr. investidor) ia entrar. Não tinha a ver com o nosso trabalho, diretamente, mas facilitou em alguns aspetos. Como na resolução do diferendo com o Zé Pedro, por exemplo. Passámos também a viajar de avião, em vez de ir de autocarro, o que permite que os jogadores descansem mais. Foi tudo importante.»

Rui Pedro Soares disse, em entrevista a «Record/Antena 1», que gostava que o Mitchell fosse o Ferguson do Belenenses. Já está também como «manager»?

De momento não. Falámos sobre isso, mas temos muitos jogos. É sinal de que as pessoas estão contentes, e é uma possibilidade para o futuro.

Acha que isso é possível em Portugal, um treinador ficar muitos anos no mesmo clube?

A cultura em Portugal é um pouco diferente. Mas a parte financeira também mudou, e já não se despede como antigamente. A cultura inglesa é diferente, e até na Holanda é diferente. Nunca se sabe. É a filosofia de uma pessoa que entrou no clube, e na qual acredita muito. Na minha opinião é algo novo, mas na Escócia tive um treinador que também era «manager». Pode ser bom para mim e para o clube. Em futebol é difícil falar de projetos. Depende sempre dos resultados. Mas assinei por três anos, e estou muito contente aqui. O Rui Pedro Soares tem vontade de mudar as coisas. É importante ter pessoas com ideias novas. Vamos ver. Neste momento penso em treinar e continuar nesta onda positiva. É difícil dizer quanto tempo fico. No Marítimo também comecei por assinar por dois anos, e nunca esperei ficar dez.

Rui Pedro Soares também reconheceu que aceitou treinar o Belenenses com um ordenado baixo. O que o levou a aceitar o desafio?

Depois de sair do Marítimo recebi alguns convites. Algumas possibilidades não se concretizaram, pois os clubes tomaram outas opções. Houve também propostas que não gostei. Como já disse gostei desta proposta. Já estava há algum tempo parado. Conhecia o clube, embora por fora. Também temos de investir em nós próprios, mas não sei se o meu ordenado é mais baixo ou mais alto do que os outros. Ninguém me obrigou a assinar. O mais importante é ter o plantel que queria. Isso foi possível, e para mim é mais importante.

O Belenenses já tem as condições necessárias para regressar ao principal escalão e fixar-se lá?

Ainda estamos em mudanças. Não é de um dia para o outro, mas acredito no futuro do Belenenses. Ainda não pensamos na Liga, mas a ambição do Rui Pedro Soares e do clube é voltar aos bons velhos tempos. É bom pensar nisso. Já estamos a ver mudanças, e ainda vão acontecer mais.

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