João Mendes é o homem do momento em Guimarães, depois do «míssil», ao cair do pano, que valeu o empate em casa do eterno rival Sp. Braga. Após duas semanas de ausência por lesão, o médio regressou ao seu estilo: irreverente, batalhador e decisivo. Esta época leva já seis golos e duas assistências em 14 jogos na Liga, confirmando a melhor temporada da carreira.
Sinónimo de «salvação» para o Vitória, uma vez que contribuiu com golos decisivos para os triunfos ante Estoril (3-2) e Famalicão (1-3), assim como para o empate com o Sp. Braga (1-1), João Mendes é o melhor marcador e o jogador mais influente dos «conquistadores» na Liga.
Todavia, os golos vistosos, os remates fulminantes e os passes açucarados não surgiram apenas na Liga. Já lá vão alguns anos desde a estreia deste criativo a brilhar em Guimarães.
Recuemos até novembro de 2017, quando, em pleno D. Afonso Henriques, Mendes assinou três assistências no triunfo da Oliveirense (1-4), a contar para a fase de grupos da Taça da Liga. Nesse ano, o médio apresentou-se aos holofotes do futebol nacional, ora nessa prova – na qual a Oliveirense atingiu a final-four – como na II Liga.
«É um jogador com bastante talento, acima da média, que finalmente está a brilhar num patamar ao qual já poderia ter chegado», começa por contar ao Maisfutebol o técnico Pedro Miguel, que trabalhou com João Mendes na Oliveirense, entre 2016 e 2018.
O médio, natural de Matosinhos e formado no Leixões, chegou a Oliveira de Azeméis aos 22 anos, proveniente dos açorianos do Operário Lagoa. E foi com o pai – Mendes, antigo avançado de clubes como Vitória de Setúbal, Académica e Oliveirense – que contactou, pela primeira vez, com Pedro Miguel.
«Conhecia bem o pai, com quem joguei [na Oliveirense, na época 2001/02]. Mas rapidamente apercebi-me da qualidade do João, principalmente com bola, porque era muito forte no processo ofensivo», revela.
Das épocas no Estádio Carlos Osório, e no Municipal de Aveiro, ora no Campeonato de Portugal, ora na II Liga, o treinador recorda essa seta apontada à baliza contrária: «É muito bom a decidir no processo ofensivo, tanto no passe como na finalização, porque tem muitos atributos técnicos com os dois pés».
Ainda assim, Pedro Miguel lembra as «lacunas» que poderão ter dificultado a ascensão do médio ao «patamar onde merece estar».
«O jogo defensivo do João era uma lacuna, porque não participava tanto. Ao mesmo tempo, não era tão competitivo, mas com a idade, com maturidade, este momento acabaria por se proporcionar, em função da qualidade dele e do clube que representa», realça o treinador de 56 anos.
Antes de se fixar em Guimarães, João Mendes representou, entre 2021 e 2023, o Desp. Chaves, agarrando a titularidade na promoção e manutenção dos transmontanos na Liga. Antes, havia passado por Estoril, Académica de Coimbra e Tondela.
Reforço no último verão da equipa então orientada por Moreno, o médio, de 29 anos, está longe de abrandar, garante Pedro Miguel.
«É um jogador que ainda vai a tempo de fazer coisas muito engraçadas no futebol português. Está num clube de grande pressão e acredito que tem tudo para fazer um bom resto de época. Depois, poderá dar novo salto na carreira. Os 29 anos não são impeditivos de nada», argumenta o técnico.
E o que dizer sobre o golo no último fim de semana? Natural, pelo perfume que João Mendes leva nos «dois pés» e pelo faro para «golos bonitos», sublinha Pedro Miguel.
«É um bom menino, é um bom homem, quando tem a bola, e quando a equipa o procura, decide bem. Espero que dê muitas alegrias aos adeptos», remata.
Quanto a Pedro Miguel, o futuro continua em aberto para o técnico natural de Oliveira de Azeméis, que deixou o Varzim no fim da época 21/22. No currículo conta com 13 temporadas como timoneiro da Oliveirense, clube que deixou em 2021. Nesta conversa com o Maisfutebol, Pedro Miguel garantiu que não voltou ao ativo «por opção», continuando a analisar convites de clubes portugueses e estrangeiros.