Foi com ajuda portuguesa que se encerrou o superjaneiro do Manchester City: o golo de José Fonte ao Arsenal, na terça-feira, foi o primeiro sinal de que a equipa de Pellegrini poderia chegar ao fim do seu mês mais do que perfeito na frente do campeonato.

Dito e feito: depois do empate dos «gunners» (2-2), e enquanto o Chelsea de Mourinho tropeçava nos próprios pés diante do West Ham, foi com mais uma goleada em grande estilo, em White Hart Lane (5-1) que os «citizens» oficializaram nesta quarta-feira o estatuto de melhor equipa inglesa da atualidade. E talvez a palavra «inglesa» esteja a mais nesta frase.

Primeiro, os números. De 1 de janeiro até ontem, o Manchester City fez nove jogos: quatro para a Premier League, três para a Taça e dois para a Taça da Liga. Ganhou oito e empatou um, com um saldo de golos de 33-8, média de quase quatro golos por jogo.

OK, talvez estes números não digam tudo. Recuemos então até 10 de novembro, quando a equipa sofreu a quarta derrota em 11 jornadas, diante do modesto Sunderland. A distância para o líder Arsenal era então de seis pontos, com o plantel mais rico da Premier League (435 milhões em transferências, segundo estudo recente do Football Observatory) a navegar num preocupante oitavo lugar. Manuel Pellegrini era um homem contestado, e o seu feitio taciturno e reservado não ajudava a acalmar as críticas.

Mas o que se seguiu, nestes dois meses e meio, pode bem entrar na história do clube como a melhor sequência de sempre. Para já, os 20 jogos oficiais sem derrota, com 18 vitórias, dois empates e um saldo de golos de 69-22, igualam a série conseguida em 1966 e ficam a apenas dois do máximo fixado em 1936/37. Não, nada disto é explicado por um calendário favorável: entre as 18 vitórias contam-se duas goleadas ao Tottenham (6-0 e 5-1), uma ao Arsenal (6-3) e ainda uma reviravolta sobre um moralizado Liverpool (2-1). E, de bónus, um triunfo em Munique, perante a máquina infernal de Guardiola, a sugerir que a eliminatória com o Barcelona, em fevereiro, poderá estar mais em aberto do que parecia à primeira vista.

Pelo caminho, a equipa bateu um recorde histórico, tornando-se a primeira a superar a barreira dos 100 golos em jogos oficiais ainda antes do fim de janeiro (já vai com 115 em 37 jogos). Com um andamento destes, não admira que o défice sobre o Arsenal, que se mantinha em seis pontos no início de dezembro, tenha já sido anulado.

Mas este é apenas o princípio da história, já que a liderança, com um ponto de vantagem, começa já a ser ameaçada na próxima segunda-feira, quando o Ittihad receber a visita do Chelsea. Precisamente o único concorrente direto a quem ainda não ganhou este ano (perdeu em Stamford Bridge por 2-1), para mais treinado por um José Mourinho com o qual Manuel Pellegrini mantém relações no mínimo frias. E com a ameaça de não poder contar com Aguero, que nesta quarta-feira terá sofrido uma lesão muscular, depois de oito jogos consecutivos a marcar.

E esse será apenas o primeiro jogo de um mês que também promete ser super: além de dois jogos com o Chelsea (que a 15 de fevereiro volta ao Ittihad para decidir o futuro na Taça) a agenda prevê ainda a visita do Barcelona, três dias mais tarde, e o dérbi com o Manchester em Old Trafford. E se, depois deste superjaneiro, o Manchester City continuar na crista da onda no fim de fevereiro é caso para perder as reservas e assumir que a melhor equipa inglesa da atualidade dispensa bem a palavra «inglesa» na frase. A partir de segunda-feira veremos.