Nunca o Alcochetense tinha atingido a quarta eliminatória da Taça de Portugal e muito menos ganho a um representante da Liga. Um feito duplamente histórico para esta equipa da III Divisão e que foi recompensado com um simbólico prémio de jogo.

«Um jantar, agora a seguir», anunciou o presidente do clube, Carlos Cortes, ao Maisfutebol, depois da reviravolta sobre a U. Leiria. Com um orçamento «baixíssimo», ao nível das equipas distritais, o Alcochetense está habituado a fazer contas à vida e depende da formação para sustentar os seniores.

Muito perto de festejar 75 anos (a 1 de Janeiro), o Alcochetense faz das camadas jovens a sua bandeira e preocupação. O pelado deu lugar a um relvado, nasceram dois sintéticos e uma pista de atletismo, tudo para servir cerca de 300 jovens, além das escolas da região.

Frente à U. Leiria, alinharam quatro jogadores da «casa», entre eles Ricardinho e William, dois dos destaques no ataque e que muito trabalho deram aos visitantes. O banco era todo formado por elementos oriundos da formação, incluindo Jadson que, como William, é brasileiro. No total, são 14 os atletas oriundos das camadas jovens no plantel sénior, com uma média de idades de 22 anos.

Entre os mais experientes, destaque para o guarda-redes Nuno Madureira, ex-Pescadores, o capitão Paulo Elindo (37 anos) e o herói Luís Costa, um dos com mais currículo (representou ainda Fabril Barreiro, Casa Pia, Real Massamá e Pescadores).

Trata-se de um plantel 100 por cento amador e que, por isso, treina apenas três vezes por semana. No grupo há estudantes, na maioria universitários, licenciados e profissionais em áreas que vão desde o ramo automóvel aos seguros.

Nos últimos oito anos, o Alcochetense desceu duas vezes ao distrital de Setúbal, mas há três que se mantém na III Divisão, terminando nos lugares cimeiros. Na sua história já passou em três ocasiões pela II Divisão (1944/45, 1976/77 e 1999/00).

O treinador Élio Santos esteve sete anos no Pescadores da Costa da Caparica (quatro com os seniores) e está há dois no Alcochetense. Há quatro épocas consecutivas que as suas equipas terminam sempre nos primeiros cinco lugares da classificação, objectivo que pretende cumprir na presente temporada, mas sempre com o primeiro lugar debaixo de olho.

Sendo um clube pobre, como caracterizou o técnico no final do jogo, já passou pelo espectro da extinção da equipa sénior, bem como da formação. As duas sobrevivem aos tempos difíceis e com glória. Depois de Bombarrelense, Penalva do Castelo e U. Leiria, o Alcochetense sonha com um «grande» para tombar... as despesas.