O piloto russo Nikita Mazepin foi autorizado pela justiça europeia a competir nos países que integram o bloco dos 27, noticiou esta quinta-feira a AFP, sensivelmente um ano depois de ter sido uma das personalidades da Rússia sancionadas pela União Europeia, na sequência da guerra na Ucrânia.

Mazepin, que competia até então na equipa Haas, na Fórmula 1, era, tal como o seu pai, o oligarca Dimitry Mazepin, uma das pessoas visadas ao nível das sanções por ser «parente de um empresário influente com atividade em setores económicos que constituem uma fonte substancial de rendimentos» para a Rússia.

Dimitry Mazepin é proprietário e presidente da fabricante de produtos químicos Uralchem, empresa que detém ações no grupo Uralkali, que passou a patrocinar a Haas, em 2021, quando Mazepin entrou na equipa.

Um advogado de Mazepin realçou à agência de notícias francesa que esta decisão «rara» do Tribunal Geral da União Europeia (TGUE) permite que o piloto viaje para a União Europeia para tentar assinar contrato com uma equipa e, se for bem-sucedido, participar em qualquer competição automobilística, inclusive na Fórmula 1, em solo europeu.

Ainda assim, o tribunal impôs um conjunto de regras: Mazepin tem de «comprometer-se a correr sob bandeira neutra» e assinar o compromisso dos pilotos exigido pela Federação Automobilística Internacional para o efeito.

«Estou muito feliz com esta decisão, que me dá esperança de retomar minha carreira profissional no automobilismo internacional. Farei o possível para recuperar o tempo perdido e estou ansioso para voltar ao desporto que amo, ao qual dediquei minha vida», reagiu o atleta à AFP.

O TGUE concluiu que Nikita Mazepin «não está de forma alguma envolvido na agressão sofrida pela Ucrânia e não exerce nenhuma atividade em setores económicos que fornecem uma fonte substancial de rendimento» para a Rússia, vincando que o piloto «sempre manteve uma posição neutral na guerra como atleta profissional». O despacho sublinhou ainda que Nikita «pede apenas que lhe seja dada a oportunidade de prosseguir a sua carreira (…) sem o apoio financeiro do pai».

O tribunal considerou ainda que o Conselho Europeu, que contestou este pedido, não «forneceu provas convincentes» de que o ex-piloto da Haas «deveria ser considerado como ainda ligado ao pai».