Muitos antes de começar a dar nas vistas como lateral-esquerdo, Álvaro Fernández Carreras destacava-se pela veia goleadora... fora do normal.
«Quando era pequeno jogava a avançado. Adorava marcar golos. Houve uma temporada em que marquei mais de 100 golos», disse há dois anos à Marca, que recupera agora essa entrevista no momento em que o internacional sub-21 espanhol se muda para o Benfica por empréstimo do Manchester United com opção de compra.
Nascido em Palma de Maiorca a 23 de março de 2003 mas galego de coração, Álvaro Carreras começou a jogar no Racing de Ferrol. Cedo chamou a atenção do vizinho Deportivo da Corunha. Chegou inclusive a marcar ao Benfica num torneio da formação pouco antes de fazer 13 anos... com um pontapé de bicicleta que até fez questão de perpetuar nas redes sociais.
Foi na Corunha que deixou o ataque e passou a atuar no lado esquerdo da defesa por indicação de Juan Villamizar, treinador dos miúdos no Depor. «Ao princípio, o que mais me custava era correr para trás, mas acabei por assimilar isso. (...) Mantenho uma ótima relação com o Juan e digo-lhe sempre: 'O que seria de mim se não tivesse mudado de posição...'»
«Defendo-me a atacar. Considero-me um jogador físico, rápido e com bom toque de bola. Creio que o meu pé esquerdo faz de mim um jogador diferente», descrevia-se na altura, quando, já com um ano e meio de Manchester United, procurava ainda a estreia pela equipa principal, o que nunca chegou a acontecer.
Mas, antes, o Real Madrid, onde esteve entre os 14 e os 17 anos. «Foi uma decisão difícil. Um passo bonito, mas duro. Tive de deixar a minha casa e mudar-me para um sítio a 600 quilómetros para perseguir o meu sonho de ser futebolista.»
Na capital espanhola cresceu a admirar Marcelo, dono do lado esquerdo da defesa merengue durante mais de uma década, mas em 2020 saiu daquela que já era uma espécie de zona de conforto. «Quis vir para Inglaterra para melhorar defensivamente.»
Nessa entrevista à Marca, em dezembro de 2021, Álvaro Fernández, agora Álvaro Carreras, dizia que era «impossível» não evoluir a marcar todos os dias nos treinos jogadores como Mata, Jadon Sancho, Rashford ou... Cristiano Ronaldo, que disse brincar com ele por causa do cabelo grande. «No outro dia assisti-o para um golo num treino. Aos 36 anos é um portento físico incrível. Não há quem consiga acompanhar o ritmo dele», elogiava.