Numa altura em que está acusado de fraude fiscal, o administrador da SAD do Benfica, Domingos Soares de Oliveira, esteve em representação dos encarnados em Londres na quinta edição do Financial Times Business of Football Summit e defendeu que, apesar do «trabalho fantástico» da última década, ainda há dificuldades na retenção de jogadores.

«Se considerarmos em termos comerciais, patrocínios, fizemos um trabalho fantástico, mas ainda é demasiado pequeno para conseguir reter os nossos jogadores. Assim, desde 2006/07, quando construímos a nossa academia, colocámos a negociação de jogadores como parte da nossa estratégia. Não é que gostemos de o fazer, mas se quisermos manter as nossas receitas a aumentar e pagar salários elevados, temos de passar dos 100/150 milhões de euros que poderíamos gerar em Portugal, para 300 milhões de euros que é onde estamos neste momento. Seria uma pena concentrar o nosso crescimento apenas na negociação de jogadores. Atualmente temos alguns produtos que poderíamos exportar porque o mercado português é demasiado pequeno», afirmou.

Por outro lado, e falando sobre o Benfica Campus e a captação de valores fora do Seixal, Domingos Soares de Oliveira apontou que «existem duas opções» na negociação de jogadores e lembrou o caso de Enzo Fernández.

«Ou desenvolvemos os nossos próprios jogadores na nossa academia, algo que temos feito com grande sucesso, ou temos acesso a jogadores de diferentes mercados. Nunca o fizemos num modelo de propriedade de vários clubes, pelo que não precisamos. Mas é evidente que se temos um clube com o qual temos uma parceria, como temos no Brasil, por exemplo, e se através dela nós podemos ter acesso a um talento diferente, então em vez de comprarmos um jogador como o Enzo Fernández por um valor significativo, passamos a ter acesso a esse tipo de jogadores previamente. A questão é que agora não podemos trazer um jogador da América do Sul com menos de 18 anos e, por isso, temos de encontrar as ferramentas e o ambiente certo para desenvolver esses jogadores sob a nossa filosofia, com o nosso treino e metodologia e ter acesso ao talento local, para que não tenhamos necessidade de os trazer para a Europa», considerou.

Por outro lado, o administrador da SAD do Benfica diz que uma eventual criação de uma Liga Ibérica «seria fantástico», embora colocando dificuldades a clubes mais pequenos. «Iríamos tirar proveito não de uma população de dez milhões, mas de um total de 50 milhões. Atualmente pertencemos a um ecossistema, não só em Portugal, mas também na Europa, e se criássemos uma Liga Ibérica muitos dos clubes mais pequenos iriam desaparecer porque não poderiam enfrentar o Benfica, o FC Porto e o Sporting, pelo que acredito que estamos longe dessa situação», notou.