Foi uma sexta-feira de memórias no museu Cosme Damião. O Benfica inaugurou a exposição dedicada a Jaime Graça, antiga glória dos encarnados, que mereceu elogios do atual presidente Rui Costa e um discurso emocionado e sentido da neta, Carminho.

Intitulada 'Jaime Graça - Ao Serviço do Futebol', a exposição que contou com a presença de várias figuras ligadas ao Benfica, nomeadamente Carlos Manuel, Veloso, Paulo Madeira, Bruno Bastos ou Artur Moraes, teve duas fases. A primeira, com o discurso da neta de Jaime Graça, Carminho, e a segunda com o de Rui Costa.

O presidente das águias enalteceu-o não só por tudo o que deu ao Benfica, mas sobretudo como um exemplo a seguir, sobretudo na atual conjuntura. «Jaime Graça será recordado eternamente pelo grande homem que foi, pelo extraordinário jogador que foi ao nosso serviço e por todos os ensinamentos que deu aos mais novos, que partilharam com ele quer balneário de campo, quer nos gabinetes. É por isso que temos toda a honra e orgulho nesta exposição. Que Jaime Graça seja sempre visto como nós hoje estamos a vê-lo: terno, magnífico e um exemplo para todos nós. E na fase que estamos a atravessar, que venham muitos mais ‘Jaimes Graças’, afirmou.

A neta, Carminho, apontou o lado mais pessoal da antiga glória do Benfica e recordou os momentos em que Jaime Graça a levava ao Seixal «para jogar futebol» e ao Estádio da Luz.

«Quando alguém de quem gostamos muito parte, a parte mais difícil é lidar com a sensação de esquecimento. É perceber que a dado ponto as memórias vão ficar mais vagas e, se calhar, até as vamos esquecer. Isso, com o meu avô, nunca vai acontecer. Sinto que estamos aqui hoje exatamente para trazer a memória desse grande homem e grande jogador», disse Carminho, agradecendo não só ao Benfica, mas também aos treinadores Bruno Lage e Renato Paiva, «homens que ao longo da carreira não perderam a humildade e relembraram sempre que marcaram a vida de Jaime Graça e que ele também marcou a deles».

Foi precisamente por aqui que Rui Costa iniciou o discurso: pelo exemplo dado e deixado por Jaime Graça. «Como comecei a carreira de dirigente no Benfica, tinha a meu cargo também a formação. Logo de início diziam-me: se queres saber como são os jogadores e se queres saber como vai acabar um jogo de futebol da formação pergunta ao Jaime Graça ao fim de cinco minutos. Fiz esse teste várias vezes. Quem quisesse apostar e perguntasse ao Jaime Graça ganhava. Isso era fruto da sabedoria dele, da capacidade de análise que tinha, da vivência que tinha do futebol e da intensidade com que sempre viveu o Benfica», admitiu.

A exposição 'Jaime Graça - Ao Serviço do Futebol' estará aberta ao público a partir deste sábado, 5 de fevereiro, ao longo de cerca de dois meses. Podem ser vistos alguns dos troféus por ele conquistados, camisolas, fotografias de vários momentos ao longo da carreira e vários testemunhos de quem privou com a antiga glória do Benfica e do deporto nacional. Se estivesse vivo, Jaime Graça teria completado 80 anos a 30 de janeiro.