Jorge Jesus reconheceu que o baixo tempo útil de jogo é um dos problemas da Liga portuguesa, mas manifestou preocupação relativamente a outro aspecto. O da agressividade excessiva das equipas, uma «máxima» que diz estar impregnada em parte das equipas.

«Sempre que o adversário defende, a sua precupação não é defender com base numa boa organização defensiva. A preocupação de muitos treinadores é 'mata, mata, mata'! Mas mata quem?! A jogada. Isto são questões que se colocam não só do ponto de vista desportivo, mas também do ponto de vista profissional», disse considerando que os treinadores devem encontrar soluções melhores soluções para defender com eficácia e dentro das leis do jogo.

«Também me podem dizer que se eu estivesse numa equipa que jogasse para não descer de divisão e se tivesse a corda sempre aqui [no pescoço]... A corda sempre aqui todos temos. Podem dizer-me isso, mas penso que não é a característica principal de um treinadores dizer em qualquer momento do jogo para fazerem faltas.»

Jorge Jesus disse que o Benfica do jogo com o Arsenal na Grécia, na 2.ª mão dos 16 avos de final da Liga Europa, é um exemplo a seguir do que deve ser uma equipa em organização defensiva. «Sabem quantas faltas o Benfica fez? Três faltas: três! O que me importa ensinar aos jogadores é a organizarem-se defensivamente. É parar o jogo pela organização defensiva. E não por faltas constantes: mata, mata, mata. Quando jogam contra o Benfica, só ouço os treinadores portugueses a dizer 'mata, mata, mata'.

O treinador do Benfica respondia em concreto a uma questão sobre o encontro de treinadores previstos para a próxima data FIFA, no final de março e da importância de se debater o baixo tempo útil de jogo, situação que já motivou, também, críticas de Sérgio Conceição, treinador do FC Porto. «No futebol em Portugal há antijogo. As estatísticas estão aí: acho que é um dos países europeus onde há mais altijogo e em que se joga menos minutos. A arbitragem também tem a ver com este processo: não são só os jogadores e os treinadores. Normalmente, o guarda-redes tira ao jogo uma média de dez minutos», apontou Jorge Jesus.