Em Portugal não se valoriza suficientemente o contributo dos desportistas para a valorização de Portugal no Mundo.

A ideia é defendida por António Simões, figura história do Benfica e da seleção nacional.

Em conversa com o Maisfutebol sobre o jogo de despedida de Eusébio, sobre o qual se assinalaram 50 anos na segunda-feira, Simões lamenta que não se dê a devida atenção a desportistas, escritores ou artistas nos manuais escolares.

«As homenagens que se fizeram a Eusébio foram poucas para aquilo que ele fez pelo país», começa por dizer.

«Eu questiono-me o porquê de quase toda a matéria que se dá nas escolas ser história política. Não podia haver duas ou três páginas a falar sobre o Eusébio, um homem que foi brilhante? É discutível falar sobre o contributo dele, só porque foi futebolista?», reforça.

Mas não é só de futebol, ou de desporto em geral, que António Simões diz que se estuda pouco.

«Se um país não tem memória, perde identidade. Por isso há que lembrar grandes homens e mulheres de Portugal de todas as áreas. Falo de desportistas, mas podemos falar também de escritores, músicos, artistas. Qual a razão para importar estudar que o Afonso Henriques batia na mãe, mas esquecer desportistas que são exemplo de superação que levaram o nome de Portugal a todo o mundo?», debate aquele que era o mais novo dos «Magriços», que em 1966 brilharam por Portugal no primeiro Mundial em, que a seleção marcou presença.

«Eusébio e os companheiros deram a conhecer o país e colocaram Portugal no mapa. Eusébio, Mário Coluna e todos esses homens. Não se pode falar de futebol na escola? Ou do Carlos Lopes e da Rosa Mota. Esses são nomes que enalteceram e deram prestígio a Portugal», defende.

«Nós no Mundial de 1966 não fomos descobridores? Eu era miúdo dessa geração e nós demos a conhecer Portugal em todo o Mundo. Essa geração mostrou que éramos de um país chamado Portugal e não uma província de Espanha, como muitos pensavam e nos diziam em digressões que fizemos depois», conclui, pedindo que se reflita sobre o tema.