Vítor Pereira, treinador do Corinthians, insurgiu-se contra os analistas e, na conferência de imprensa que se seguiu à magra vitória sobre o Goiás (1-0), expôs as muitas limitações do seu plantel e disse mesmo que se não fosse a promoção de «miúdos», a equipa, em vez do segundo lugar no Brasileirão, estaria a lutar pela manutenção.

A verdade é que o Corinthians, com muitas lesões, ainda não conseguiu jogar, em teoria, com a melhor equipa. «Gostaria que não brincassem com meu trabalho. Vamos imaginar essa equipe que todo mundo idealiza jogar todos os jogos. O Willian não tem jogado todos os jogos e está fora, hoje ficou com um problema médico para resolver. O Jô está fora. Dessa equipe ideal que todo mundo fala, vamos fazer a análise. Temos o Renato (Augusto), que saiu com problemas musculares, não tem jogado sempre. Estamos a tentar gerir para não virar um caos, para não se tornar pior. O Fagner ficou lesionado, onze jogos fora. O João Victor não sei quantos jogos. O Gil saiu machucado também por uma série de jogos. O Fábio (Santos) também, uns três jogos, não acredito que seja possível ele jogar de três em três dias, não tem como», começou por enumerar.

E depois manifestou mesmo alguma irritação face às criticas de nunca repetir o mesmo onze. «Quem vem com essa conversa de procurar uma equipe para jogar todos os jogos está a brincar comigo, está a brincar com meu trabalho, não está a ver o que está a acontecer. Se a gente não tivesse os garotos, o Corinthians estaria a brigar contra a despromoção, mas as pessoas não querem ver a verdade. Não estão na realidade, no clube, nos treinos, não analisam os jogos e vêm com essa conversa. Isso é brincar com meu trabalho. Como vou estar satisfeito hoje sendo que tenho que olhar para o próximo jogo e quase que não tenho gente?», acrescentou.

Além disso, Vítor Pereira também deixou claro que vê os adversários mais fortes do que o Corinthians. «O calendário é o que é. Para eu ter uma equipe competitiva em todos os jogos, preciso de um plantel maior, os jogadores terem um nível técnico maior. Olho para algumas equipes e as armas são diferentes. Não podemos comparar com ninguém, porque eles têm mais soluções do que nós. Eu tenho feito o que posso. O clube tem feito o que pode, mas não é obrigado. Não podemos ficar a exigir quando a realidade nos diz outra coisa. A verdade é que eu hoje, para fazer substituição, não tenho ponta esquerda. Tenho que colocar o Piton. Não dá para ficar de blablablá, a iludir as pessoas», destacou.

O treinador lamenta as muitas lesões e voltou a mostrar insatisfação em relação às criticas dirigidas ao nível exibicional da equipa. «Precisamos do João Victor, do Júnior Moraes, Willian, Paulinho... Vejam bem o plantel que nós tínhamos e vejam o que temos agora em termos de soluções. Não me venham com exigências. Estamos ali no calcanhar, a brigar lá em cima. Isso é desonesto. Uma pessoa que exige mais da equipe está a brincar com meu trabalho, e isso não posso aceitar», insistiu.

Face às muitas ausências, Vítor Pereira tem recorrido à formação da equipa. «Pela necessidade que temos, temos que jogar com a polivalência deles. É preciso olhar para quem consegue responder três dias depois. Esta rotação... Sinceramente, estou ficando cansado de ouvir coisas que não fazem sentido nenhum. Se a gente não fizesse esta rotação, eu queria ver qual a equipa que a gente teria para jogar. Queria ver alguém vir aqui e montar essa equipa para jogar a meio da semana. Isso tem que ser disto e valorizado», destacou ainda.