(artigo atualizado)

O futebolista brasileiro do V. Guimarães, Davidson, afirmou esta quinta-feira que a pandemia da covid-19 é mais difícil de controlar no Brasil do que em Portugal, pelo facto de o seu país natal ter mais população e mais pobreza.

O jogador de 29 anos, criado numa favela em Duque de Caxias, na região metropolitana do Rio de Janeiro, revelou que o surto do novo coronavírus já causou a morte a um familiar. «Perdi um primo há pouco tempo, há cerca de duas semanas, Ele tinha 32 anos e faleceu com coronavírus», disse numa videoconferência do clube minhoto com jornalistas.

Apesar de reconhecer o perigo que representa a doença, Davidson, apontou que é mais difícil impor o isolamento à maioria de um país que tem uma população 20 vezes superior à portuguesa, algo que poderia aumentar a fome aos pobres nessa situação.

«O Brasil é muito grande. Portugal tem uma certa maioria de pessoas em confinamento. No Brasil, há muita gente pobre, que mora em locais muito delicados. Se se colocasse tudo de quarentena, muita gente morreria de fome», afirmou Davidson, numa videoconferência do clube minhoto.

O extremo da equipa orientada por Ivo Vieira referiu que o seu pai está a trabalhar e que a mãe «fica em casa». «A minha mãe tem algumas doenças. Se o meu pai ficar 15 ou 30 dias sem trabalhar, isso pode gerar fome. Há pessoas desesperadas, sem saberem o que fazer», explicou.

Davidson disse ainda que decidiu permanecer em Guimarães, com a esposa e o filho, por ser «mais seguro» nesta altura em que o plantel do Vitória está de férias até 30 de abril e com autorização para voltar ao país de origem, se possível o tráfego aéreo.

Questionado sobre uma eventual redução de salários no plantel, Davidson adiantou que o clube ainda não «comunicou nada» nesse sentido, mas reiterou que «não vai ser um impedimento» para essa possível medida, até porque a situação económica, entende, «é difícil para o país todo».

O Brasil, país de origem de Davidson, registou na quarta-feira, a atualização mais recente até ao momento, um total de 28.320 casos de covid-19 e 1.736 mortes. O presidente, Jair Bolsonaro, já privilegiou, em algumas declarações públicas, o funcionamento da economia face ao combate à pandemia.