O futebol é incrível. Na Costa do Marfim, escreveu-se uma das histórias mais improváveis da história do futebol. Certamente a mais inacreditável de 2024.

A Costa do Marfim conquistou a CAN depois de derrotar a Nigéria, de José Peseiro, na final (2-1) disputada no estádio Alassane Ouattara, em Abidjan. Quem diria? Os «Elefantes» estiveram praticamente eliminados, despediram o selecionador Jean-Louis Gasset após a fase de grupos, mas por milagre continuaram no torneio. 

Quem diria? Sébastien Haller tem o seu nome escrito no troféu. O avançado do Borussia Dortmund teve de lutar contra um cancro na segunda metade do ano de 2022, voltou aos relvados em janeiro de 2023 e um ano depois, marcou golos decisivos nas meias-finais e na final. E que no meio desta tremenda confusão, sob o comando do interino Emerse Faé, conquistariam um título que escapava desde 2015.

Um guião difícil de imaginar e de escrever.

Contra todas as previsões, acima de todas as expetativas, a seleção anfitriã chegou à final diante das «Super Águias», que não tinham perdido qualquer jogo até então. A seleção orientada por José Peseiro começou melhor a final e colocou-se em vantagem aos 38 minutos num golpe de cabeça de William Troost-Ekong, após um canto.

Um golo que acabou por ser sintomático da extrema eficácia da Nigéria que marcou no único remate enquadrado que fez em todo o jogo. Quatro minutos antes do golo nigeriano, Nwabali tinha impedido o golo de Adingra.

A segunda parte foi, porém, distinta. Desde logo porque os «Elefantes» entraram mais serenos, conscientes de que caminhos explorar, de que espaços aproveitar enquanto as «Super Águias» recuaram em demasia.

Depois de duas oportunidades defendidas por Nwabali, a Costa do Marfim marcou mesmo. Erro tremenda da Nigéria que Kessié aproveitou para fazer o 1-1 de cabeça (62m). Estava aberto o caminho para a reviravolta. Empurrados por mais de 50 mil adeptos, os «Elefantes» foram à procura da reviravolta e pressionaram, pressionaram até ao desejado golo da remontada.


José Peseiro já tinha lançado unidades ofensivas para tentar despertar a equipa no ataque, mas sem sucesso. O treinador português e a Nigéria foram quase impotentes para travar o que parecia ser uma inevitabilidade. Adingra escapou pela esquerda e cruzou para um desvio subtil de Haller com a sola da bota.
 

Não houve nada de relevante nos minutos finais e a Costa do Marfim festejou a conquista da terceira CAN da sua história, depois de 1992 e 2015. Perdeu a Nigéria que assim não repete os feitos de 1980, 1994 e 2013 e Peseiro, que não se livra da fama de pé-frio.