José Peseiro joga neste domingo aqueles que serão, em igualdade com a final da Taça UEFA de 2005, os noventa minutos mais importantes da carreira: o português orienta a Nigéria na final da Taça das Nações Africanas.
«Evidentemente, será bom para todos vencer esta competição. Em primeiro lugar, para a Nigéria, que conseguirá o seu objetivo. Depois, para mim e para a minha equipa técnica. Já tive coisas muito boas na carreira, estive à porta de vencer uma Taça UEFA e ganhei outras coisas, mas este troféu é muito importante e espero que se concretize» referiu o treinador.
«Temos de ser muito fortes para defrontar uma equipa muito boa.»
A Nigéria, recorde-se, defronta a anfitriã Costa do Marfim e procura repetir os triunfos de 1980, 1994 e 2013, frente uma seleção historicamente forte e que já venceu o CAN em 1992 e 2015.
«Desde que chegámos ao país, fixámos um objetivo mais desportivo do que financeiro e achámos que seria bom enfrentar este projeto, pois íamos ter condições e jogadores», adiantou em entrevista à Agência Lusa.
«As condições não são as que gostaríamos, mas não é só a seleção da Nigéria a passar por grandes dificuldades. Pelo menos, tinha um grupo de atletas e acreditei que poderíamos fazer uma grande equipa e ganhar o CAN. Desde o início, foi o grande objetivo.»
José Peseiro sucede, de resto, a Carlos Queiroz, que há dois anos, na edição de 2022, também chegou à final da taça das Nações Africanas, com a seleção do Egito, mas acabou por perder nos penáltis frente ao Senegal.
«Esta competição é bastante dura e tem especificidades que outras não têm. Há alarido, carga política, social e económica e um peso grande sobre todos os intervenientes pelo que cada seleção representa», refere Peseiro.
«Existe muito stress e uma grande necessidade de ganhar, até pelas dificuldades que muitas pessoas passam nestes países. São contornos muito específicos, que nós sentimos e que fazem com que a expectativa criada em torno de uma seleção acabe por nos dar mais pressão e stress. Houve quem não conseguisse gerir esses momentos e certas seleções com menor responsabilidade acabaram por colocar várias das melhores equipas de fora da competição.»
Apesar de ter estabilizado um sistema tático de 4-4-2 desde que sucedeu a Augustine Eguavoen, em maio de 2022, José Peseiro encarou a fase final do CAN com uma «forma de jogar mais compacta e consistente», visível na mudança para um 3-4-3.
«Temos de jogar com todos [juntos] no ataque e na defesa, mas não queremos só ser muito ofensivos, tal como temos sido em praticamente em todos os encontros da qualificação para este CAN e para o Mundial 2026», garantiu.
«Num torneio curto, com esta especificidade, stress e responsabilidade, procuramos proporcionar pouco espaço e oportunidades aos nossos adversários, mas criando ocasiões em quantidade suficiente para fazer golos e vencer.»
A final da 34.ª edição da Taça das Nações Africanas está agendada para o domingo, às 20:00, no Estádio Alassane Ouattara, em Abidjan, e coloca um ponto final no CAN mais portuguesa de sempre, que teve também Pedro Gonçalves e Rui Vitória nos bancos de Angola e Egito.