Ao longo de cinco épocas Cássio fez sonhar os adeptos do Paços de Ferreira. Com defesas impossíveis, voos de super-herói, em suma um pilar de segurança dentro das quatro linhas, mas também um profissional íntegro, que deixou saudades na cidade.

Em rigor, o experiente guarda-redes ainda por lá anda, fazendo diariamente mais de 100 km para treinar em Arouca e voltar a casa. Este domingo, pela primeira vez, os castores vão vê-lo do outro lado do campo.

«Vai ser, no mínimo, estranho. Um jogo de muitas emoções, mas que encaro com tranquilidade. Sou profissional e, a partir do momento em que acertei com Sp. Braga, sabia que este dia ia chegar mais cedo ou mais tarde», começa por dizer ao Maisfutebol.

«Agora defendo as cores do Arouca e estamos a precisar de pontos, tal como eles. Penso que pode ser um jogo engraçado», complementa, relembrando que continua a ter um sem-número de amigos na Mata Real, com estreitou ainda mais os laços afetivos depois da última época:

«Jogadores, fisioterapeutas, enfermeiros, médicos, dirigentes, enfim, todo o stafe com quem tive o privilégio de privar, e que, juntos, conseguimos algo muito bonito, para nós e para a cidade, com o terceiro lugar e a classificação para a Liga dos Campeões.»

«Fiz história no clube e sou respeitado pelas pessoas»

A extraordinária companha com Paulo Fonseca ao leme é, sem dúvida, o ponto alto da passagem deste carioca pelo Paços de Ferreira, a mais longa de toda a sua carreira (esteve quatro anos no Vasco da Gama). O coração do guardião vai, por isso, disparar no domingo.

«Já não é a primeira vez que defronto uma ex-equipa. São jogos diferentes, que trazem um pouco mais de emoções, não sou completamente frio perante isto, mas é assim: somos amigos antes do jogo, durante o jogo seremos adversários, e, depois dele, amigos de novo», assegura.

Apostas, com ex-colegas, diz que não fará, ao mesmo tempo que garante andar por Paços de Ferreira sem qualquer animosidade por parte das gentes locais. «Fiz história no clube e sou respeitado pelas pessoas. Claro que me dizem que preferiram não me ter do outro lado, mas o futebol é um meio muito pequeno. Fomos companheiros, agora adversários, quem sabe se não voltamos a ser colegas de novos?»

A saída de Costinha é algo cujas consequências não consegue percecionar, deixando para os responsáveis dos castores a tarefa de tirar conclusões da mudança técnica. «Cabe a eles decidir se ficou melhor ou pior. Seja quem vier no domingo, o Paços vai ter seguramente um treinador no banco», perspetivou.

Como o dossiê Sp. Braga devidamente enterrado, e sem vontade de o reabrir, Cássio garante que já não pensa em dar um salto na carreira. «Estou bem, a minha família está feliz, e quero continuar a trabalhar bem e a dar o meu melhor. Se acontecer, tanto melhor, mas se não for o caso, tudo bem na mesma.»

Em Arouca, o veterano guarda-redes espera uma temporada que irá exigir muita alma, afinal algo que sempre teve. «O clube chegou agora à Liga, ainda tem umas lacunas, mas tem sido uma experiência positiva. O grupo é muito bom, a equipa técnica atenciosa e prestativa, com gente muito capacitada. A cidade também se envolve bastante com o clube, mas temos consciência de que será uma época muito difícil», rematou.