O G20, que se reúne na próxima quinta-feira, pretende lançar vários pacotes de estímulos à economia no valor de dois mil milhões de dólares (1.500 milhões de euros).

O jornal alemão online «Der Spiegel» diz que estes pacotes são o trunfo do G20 para impulsionar o crescimento económico mundial mais 2% e criar 19 milhões de postos de trabalho.

O comunicado final da reunião do G20, diz o mesmo jornal, está já escrito e deverá falar de regulação e dos oásis financeiros, aos quais deverá ser declarada «guerra», com sanções para os países que não cooperem no combate a estes paraísos fiscais.

Na reunião deverão ainda ser discutidas e decididas directrizes no que diz respeito às remunerações dos administradores de empresas e gestores financeiros. O combate ao proteccionismo e a reforma dos mercados também farão parte do comunicado final.

O Reino Unido, anfitrião da reunião do G20, pretende estabelecer objectivos concretos para a economia mundial até finais de 2010.

Países da América Latina sem proposta comum

A vários dias da reunião sabe-se já que a reforma dos organismos financeiros internacionais e a concessão de crédito às economias mais fracas são duas das bandeiras da América Latina na cimeira do G20 em Londres, onde estará representada pela Argentina, Brasil e México.

As três maiores economias da região sofreram alguns danos com a actual crise mundial, mas não vão para a cimeira de 02 de Abril com uma proposta conjunta.

«O nosso compromisso (no G20) é para com a Argentina e com o G5 (Brasil, México, China, Índia e África do Sul)», declarou na semana passada o presidente brasileiro Lula da Silva, em São Paulo, depois de se ter reunido com a sua homóloga argentina, Cristina Férnandez, para analisar a crise.

Na cimeira da América Latina e Caraíbas realizada no Brasil em Dezembro passado, os 33 países participantes concordaram na criação de um grupo de trabalho para elaborar propostas contra a crise, mas até agora a iniciativa não saiu do papel.

Mais representação nas organizações mundiais e créditos abertos

Como economias emergentes, os países da América Latina reclamam mais voz e mais voto no Fundo Monetário Internacional e no Banco Mundial.

Estão também de acordo na necessidade de manter abertos os créditos para evitar que os estragos nas economias emergentes sejam maiores do que até agora.

Em Londres, a Argentina vai defender a supressão dos paraísos fiscais, o que defendem também alguns países da União Europeia, e a «regulação a nível global do sistema financeiro e do movimento de capitais».

Tendo presentes os estragos que a crise já causou nas suas economias, os três países vão insistir na necessidade de não se recorrer ao proteccionismo para enfrentar a crise.

O G20 integra os membros do G8 (Canadá, Alemanha, Estados Unidos, França, Grã-Bretanha, Itália, Rússia e Japão), reunindo ainda a África do Sul, a Arábia Saudita, a Argentina, a Austrália, o Brasil, a China, a Coreia do Sul, a Índia, a Indonésia, o México, a Turquia e a União Europeia (UE).

Esta é a segunda reunião dos dirigentes dos países que integram este grupo, depois de uma primeira cimeira realizada em Washington em Novembro passado.