Cédric vive atualmente a primeira experiência como profissional no estrangeiro. O ex-jogador do Sporting deixou o clube que o formou no verão passado, para rumar ao Southampton de Inglaterra.

Nem sempre estas mudanças correm bem, mas a do lateral direito português está a correr de forma exemplar. Cédric agarrou o lugar na equipa orientada pelo ex-treinador do Benfica, Ronald Koeman, e tem agradado aos adeptos e à imprensa inglesa.

O balanço é por isso mais do que positivo, nestes primeiros meses na Premier League. Cédric falou com o Maisfutebol sobre esta nova experiência, as diferenças entre a Liga inglesa e a portuguesa e ainda da relação especial com companheiro de equipa e compatriota José Fonte.

 
Foi quase chegar, ver e vencer. Nem sempre é assim. Que balanço faz dos primeiros meses no Southampton e na Liga inglesa?
O balanço é sem dúvida positivo, a todos os níveis. Tenho jogado, tenho-me afirmado, até mais do que perspetivava. É um sinal positivo, mas tenho noção que está ainda tudo no início. Quero continuar este caminho e vou trabalhar para que assim seja.

Há casos que não correm tão bem…
Mas nem tudo foi perfeito. Houve momentos que não foram tão fáceis. As mudanças foram muitos: de país e tudo o que isso implica, de equipa e de forma de trabalhar. Mas tem corrido bem. Os jogadores de futebol têm de estar preparados para esse tipo de situações. Vim com o objetivo de continuar a minha evolução e por isso fico contente por as coisas estarem a correr assim.

Tem sido, ao longo destas primeiras semanas de Liga, considerado dos melhores laterais pela imprensa inglesa. Como recebe essa distinção?
É algo que me orgulha bastante, claro. Trabalho sempre no limite das minhas capacidades para atingir o melhor nível pessoal e para ajudar a equipa. Não estou focado para ser o melhor lateral da Liga, mas sim para continuar a minha evolução e, acima de tudo, poder ajudar o clube que apostou em mim. A imprensa inglesa tem-me reconhecido valor, mas não me vou deixar influenciar por isso. Também não o faria se falassem mal.

A imprensa nem sempre é fácil de agradar, tal como os adeptos. Sente que já os cativou também a eles?

Ainda é prematuro dizer isso, mas acho que, até agora, estão satisfeitos. Fui muito bem recebido e tenho sido bastante acarinhado. Estou aqui há pouco tempo, mas já noto que me têm em boa conta. Sei que é sempre mais fácil de cativar quando se é jogador da casa, mas não me posso queixar. Southampton é uma cidade pequena, que vive para o clube. Por isso reconhecem-me na rua e há várias pessoas a abordar-me, sempre de forma positiva.



Falámos sobre isso antes da partida para Inglaterra, mas, depois de já se ter habituado à Premier League, quais são os objetivos a nível pessoal esta época?
Primeiramente, continuar a jogar o máximo de jogos possível e continuar a fazer parte deste onze, que o treinador tem escolhido. E continuar a minha evolução como jogador, pois acho que ainda tenho muito que aprender. Esta Liga coloca-me outro tipo de problema a que tenho de dar resposta. Por isso, o objetivo pessoal é continuar a ser valorizado e a fazer o meu futebol, para continuar também a atingir os objetivos ao nível da Seleção Nacional.

E quais são os objetivos do Southampton em 2015/2016?
São fazer melhor do que o sétimo lugar do ano passado. Na Liga inglesa um sétimo lugar não é mau e é no lugar que estamos neste momento, basta ver as equipas que estão acima de nós. Mas, mesmo assim, queremos fazer melhor do que em 2014/2015.

Um sétimo lugar em Portugal, como aconteceu ao Sporting em 2012/2013, é mau…
Pois. Não tem nada a ver. Ser sétimo em Portugal é muito negativo, principalmente para os grandes. Em Inglaterra não é visto dessa forma, porque há maior competitividade e um leque maior de equipa poderosas.

Mas há mais diferenças entre a Liga portuguesa e a inglesa…
Sim, há muitas. O campeonato inglês é muito mais intenso, tem outro tipo de agressividade e tem maior contato físico. Não se espera pelo adversário para o contra-ataque, vamos mais à procura de golos e de não os sofrer. Além de que se torna também diferente porque os árbitros deixam jogar, não há tanta paragem como em Portugal. É nisso que noto mais diferença. É diferente, mas gosto dos dois.

Então acaba os jogos mais cansado em Inglaterra?
(Risos) São tipo de esforços diferentes. Ao início, nos primeiros jogos, notei uma grande diferença. Ao intervalo parecia que já tinha feito noventa minutos. Mas em Portugal acaba-se por ter um ritmo bastante elevado. Diferente, mas elevado. Temos de encarar equipas com estratégia mais defensiva e isso acaba por cansar.



Uma coisa que quem o segue nas redes socias já deu conta, é que agora está sempre com o José Fonte. É no clube, é na Seleção, nos tempos livres…
Tenho de lhe dar uma moralzinha (risos).

Tem sido uma grande ajuda, não é?
Sem dúvida. Foi uma pessoa muito importante neste processo todo. Esteve ligado à minha vinda para aqui e ajudou-me a tomar a decisão. Já o conhecia bem, mas agora temos uma relação mais forte. Isso faz com que passemos mais tempo juntos. Todos os portugueses que vierem vão ser bem recebidos por mim e pelo Fonte.

Está a chamar quem para o Southampton?
Não estou a chamar ninguém (risos). Estou a dizer que quem vier será bem recebido por nós, tal como eu fui bem recebido pelo José Fonte. Quando vierem mais, cabe-nos aos dois ajudar.

E Ronald Koeman, que treinou o Benfica, já brincou consigo por causa da rivalidade dos clubes da Segunda Circular?
Não, ainda não calhou falarmos nisso. Só me falou uma vez, logo no início, de um episódio que se passou na curta estadia em Portugal. Um episódio que lhe aconteceu em Cascais, que era onde vivia. Mas nada de especial.