Raphinha confessou num testemunho ao portal brasileiro UOL as dificuldades que passou na infância, em Restinga, num bairro da zona sul da cidade de Porto Alegre. 

«É difícil seguir o seu caminho e não se desvirtuar. Eu nunca saí do caminho, mas presenciei, andei junto com pessoas que se perderam. […] Em momentos assim, perdi muitos amigos para o mundo do crime, para o tráfico. Amigos que jogavam até dez vezes mais que eu, que poderiam estar num grande clube mundial», referiu o agora craque do Barcelona, que em Portugal representou o Sporting e o Vitória de Guimarães.

«As memórias do meu início são duras. Para seguir meu sonho de jogar futebol, eu precisava de treinar a sério e o local para isso era longe da minha comunidade, onde vivi até ter mais ou menos 16 anos. Era tão distante que eu saía de casa meio-dia e voltava depois das oito da noite. Se naquela época eu mal tinha dinheiro para autocarro, podem imaginar que eu não tinha condições para comer algo. Só que a fome não espera. Quando ela apertava, eu tinha que pedir. Seria injusto dizer que passei fome na minha vida. Não. Meus pais nunca deixaram faltar comida em casa. Só que durante oito horas ou mais eu estava bem longe de casa. Então, depois do treino, no caminho, eu pedia às pessoas para comprarem um lanche, qualquer coisa para eu comer. Já aconteceu de me ajudarem, mas também já aconteceu de me chamarem de vagabundo para cima», recordou o avançado de 25 anos, que neste vislumbre do seu lado pessoal destacou também os seus gostos musicais.

«Eu sempre gostei de ouvir, cantar e até de tocar pagode. Eu, de origem pobre, mas com coração nobre, gosto muito de escutar aquela música do Zeca Pagodinho, "Deixa a Vida me Levar", mas tem uma que talvez seja mais especial ainda, que o meu pai gravou com o Ronaldinho Gaúcho e eu escuto bastante. Chama-se "Goleador"», destacou o internacional brasileiro, cantando os versos do tema: «Muita gente acha que ser jogador é  uma facilidade viver no esplendor. Não sabe que a arte é até mais. Difícil que ser um doutor, driblar a vida encontrar a saída. Para não ser mais um sofredor.»